Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de julho de 2021
As suspeitas de corrupção na compra de vacinas contra a covid-19 estão no centro das investigações da CPI da Covid, que mira três negociações: a da Covaxin, da AstraZeneca e da Convidecia.
Todas envolvem empresas atuando como intermediárias. As denúncias já derrubaram Roberto Ferreira Dias, exonerado do cargo de diretor de Logística do Ministério da Saúde e de Lauricio Monteiro Cruz, diretor do Departamento de Imunização da pasta.
O contrato de compra de 20 milhões de doses da Covaxin foi fechado, e o valor de R$ 1,6 bilhão chegou a ser empenhado (reservado no orçamento), mas está suspenso em função das denúncias. As tratativas para aquisição da AstraZeneca (400 milhões de doses ofertadas pela Davati Medical Supply) e da Convidecia não foram concluídas.
Entenda quem são os principais personagens e fatos das suspeitas até aqui:
Covaxin/Precisa Medicamentos
— Bolsonaro: Segundo Luis Miranda, ao ouvir as suspeitas de favorecimento à Precisa, o presidente prometeu acionar a PF, em março. Não o fez. O Supremo autorizou na sexta-feira (2) a abertura de inquérito para apurar se ele prevaricou.
— Flávio Bolsonaro: Filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador intermediou uma reunião de Francisco Maximiano no BNDES. Admitiu ter “amigos em comum” com o empresário alvo da CPI.
— Francisco Maximiano: Dono da Precisa Medicamentos, intermediária do laboratório indiano Bharat Biotech. É réu com Ricardo Barros em processo de compra de medicamentos pelo ministério. O MPF diz que o então ministro trabalhou para favorecer outra empresa de Max, a Global, em 2017.
— Wellington Roberto: Deputado do PL, partido do Centrão comandado por Valdemar da Costa Neto, indicou Medeiros ao cargo.
— Eduardo Pazuello: Ministro da Saúde durante as negociações para a compra da Covaxin, disse à Procuradoria-Geral da República ter sido avisado por Bolsonaro das denúncias.
— Marcelo Pires: Coronel da reserva, foi diretor do ministério, um cargo ligado à secretaria-executiva. Também foi citado por pressão pela Covaxin.
— Arnaldo de Medeiros: Secretário de Vigilância em Saúde, fez a primeira reunião com representantes da Precisa para tratar da Covaxin, em novembro.
— Elcio Franco: Coronel da reserva, foi secretário-executivo na gestão de Pazuello. É citado como quem também pressionou para liberar a Covaxin.
— Roberto Ferreira Dias: Ex-diretor de Logística do ministério. Tem fortes ligações com políticos o Centrão. Segundo os irmãos Miranda, pressionou pela importação da Precisa.
— Ricardo Barros: Líder do governo na Câmara. Segundo os irmãos Miranda, ao relatarem a Bolsonaro o que constataram no ministério, o presidente atribuiu o suposto esquema a ele.
— Alex Lial Marinho: Tenente-coronel, foi coordenador-geral de insumos e também é citado por Ricardo Miranda como um superior que o pressionou para liberar a importação da vacina.
— Luis Miranda: Irmão do servidor, é um deputado bolsonarista do DEM do DF. Levou as suspeitas de Ricardo ao presidente Bolsonaro em 20 de março. Na ocasião, segundo ele, Bolsonarou atribuiu o caso a “mais um rolo” de Ricardo Barros.
— Luis Ricardo Miranda: Servidor de carreira do Ministério da Saúde. Diz ter sido pressionado por superiores para dar aval à importação de doses da Covaxin, mesmo com inconsistências no processo.
AstraZeneca
— Cristiano Alberto Carvalho: Representante oficial da Davatti no Brasil, escalou Dominguetti para intermediar o negócio com o governo. Ele disse desconhecer o pedido de propina relatado por Dominguetti.
— Marcelo Blanco da Costa: Coronel do Exército e ex-assessor da Saúde, foi citado por Dominguetti como responsável por marcar o jantar com Dias onde teria ocorrido o pedido de propina. Três dias antes do jantar, abriu uma empresa de representação comercial de medicamentos.
— Helcio Bruno de Almeida: Coronel da reserva, Almeida foi quem promoveu o encontro entre Dominguetti e Élcio Franco. Neste encontro, porém, Dominguetti disse que Élcio demonstrou desconhecer as tratativas com a Davati e o pedido de propina.
— Roberto Criscuoli: Também coronel da reserva do Exército, o integrante da ‘Abin paralela’ de Bolsonaro afirmou que fez a ponte entre a Davati e o governo.
— Luiz Paulo Dominguetti: Policial militar da ativa em Minas Gerais, acusou o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de pedir propina de US$ 1 por dose. Ele não apresentou provas.
— Rodrigo de Lima Padilha: Funcionário terceirizado do ministério da Saúde que Criscuoli diz ter indicado como contato na pasta para a Davati.
Convidecia/Belcher
— Carlos Wizard: Empresário bolsonarista é apontado como um dos apoiadores das negociações com a CanSino, responsável pelo imunizante chinês.
— Emanuel Ramalho Catori: Sócio da Belcher. Chegou a fazer live com empresários bolsonaristas para falar sobre a compra de vacinas.
— Daniel Moleirinho Feio Ribeiro: Sócio da Belcher e filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, que comandou a Urbanização de Maringá quando Barros foi prefeito.
— Luciano Hang: Também empresário bolsonarista, o dono da Havan é outro considerado um lobista da vacina Covidencia.