Forças rebeldes entraram na capital da Síria, Damasco, e há relatos de que o presidente Bashar al-Assad fugiu do país de avião para um local desconhecido. Em um pronunciamento na televisão neste domingo (08), o grupo disse que a cidade havia sido “libertada e o tirano Bashar al-Assad foi derrubado”.
“Viva uma Síria livre e independente para todos os sírios de todas as seitas”, eles disseram. A ofensiva relâmpago, coordenada pelo líder dos insurgentes, Abu Mohammed al-Jawlani, começou com a captura repentina de Aleppo no final de novembro. Isso parece ter desencadeado eventos que derrubaram o fim do regime em menos de duas semanas.
O ataque inicial foi liderado pelo grupo militante islâmico HTS (Hayat Tahrir al-Sham) — que tem uma longa história no conflito sírio. O HTS é designado como uma organização terrorista pela ONU, EUA, Turquia e outros países.
As forças rebeldes lançaram a maior ofensiva contra o governo da Síria em anos. Após controlar Aleppo, eles tomaram a cidade de Hama e estavam se reunindo do lado de fora de Homs, mais ao sul.
No sul da Síria, perto da fronteira com a Jordânia, rebeldes locais teriam capturado a maior parte da região de Deraa, o berço da revolta de 2011 contra o presidente Bashar al-Assad. A ofensiva surpresa no norte encontrou pouca resistência dos militares sírios, que retiraram suas tropas de Aleppo, bem como de Hama e outras áreas.
Mas quem são os militantes do HTS?
O grupo tem uma longa história no conflito sírio. Ele é designado como uma organização terrorista pela ONU (Organização das Nações Unidas), pelos EUA, pela Turquia e por outros países.
O que é o Hayat Tahrir al-Sham?
O HTS foi criado com um nome diferente, Jabhat al-Nusra, em 2011, como um afiliado direto da Al Qaeda. O líder do EI (Estado Islâmico), Abu Bakr al-Baghdadi, também estava envolvido em sua formação.
O HTS foi considerado um dos grupos mais eficazes e mortais contra o presidente Assad em 2011. Mas sua ideologia jihadista parecia ser sua força motriz – e na época o grupo foi visto como opositor da principal coalizão rebelde sob a bandeira da Síria Livre.
E em 2016, o líder do grupo, Abu Mohammed al-Jawlani, rompeu publicamente com a Al Qaeda, dissolveu a Jabhat al-Nusra e criou uma nova organização, que assumiu o nome de Hayat Tahrir al-Sham quando se fundiu com vários outros grupos parecidos um ano depois.
Já faz algum tempo que o HTS estabeleceu sua base de poder na província noroeste de Idlib, onde ocupa o governo local. Seus esforços em direção à legitimidade, no entanto, foram manchados por denúncias de violações de direitos humanos.
O HTS também teve dissidências internas e brigas com outros grupos. Desde que rompeu com a Al Qaeda, seu objetivo tem se limitado a tentar estabelecer um governo islâmico fundamentalista na Síria, em vez de um califado mais amplo, como o Estado Islâmico tentou fazer (e falhou).
Até agora, o grupo havia mostrado poucos sinais de tentar reacender o conflito sírio em grande escala. Não parecia interessado em desafiar o governo de Assad pelo domínio do resto do país.
Por que há uma guerra na Síria?
Em março de 2011, manifestações pró-democracia irromperam na cidade de Deraa, no sul do país, inspiradas por levantes em países vizinhos contra governantes autoritários.
Quando o governo sírio usou força letal para esmagar a dissidência, protestos exigindo a renúncia do presidente irromperam em todo o país.
A agitação se espalhou e a repressão se intensificou. Os apoiadores da oposição pegaram em armas, primeiro para se defender e depois para livrar suas áreas das forças de segurança. O presidente Assad prometeu esmagar o que ele chamou de “terrorismo apoiado por estrangeiros”.
Centenas de grupos rebeldes surgiram, potências estrangeiras começaram a tomar partido e organizações jihadistas extremistas, como o grupo Estado Islâmico e a Al-Qaeda, se envolveram.
A violência aumentou rapidamente e o país mergulhou em uma guerra civil em grande escala, atraindo potências regionais e mundiais. Mais de meio milhão de pessoas foram mortas e 12 milhões foram forçadas a fugir de suas casas, cerca de cinco milhões das quais são refugiados ou pedem asilo no exterior.