Ícone do site Jornal O Sul

Saiba se os testes rápidos ainda funcionam com as novas variantes da covid

Especialistas dizem que os testes rápidos em casa ainda são uma ferramenta útil para impedir a propagação do vírus. (Foto: Reprodução)

Todo mundo conhece alguém que o amigo, ou o filho de um conhecido tem todos os sintomas característicos de covid, com toda a certeza de que vai testar positivo para o vírus. Então ele faz o teste rápido, mas o resultado do teste é negativo. O que acontece?

Especialistas dizem que os testes rápidos em casa ainda são uma ferramenta útil para impedir a propagação do covid, mas não são infalíveis. Aqui estão algumas explicações sobre por que você pode obter um resultado falso negativo — e como aumentar suas chances de precisão na próxima vez.

Teste cedo

A razão mais provável para um teste rápido produzir um falso negativo é que não há vírus suficiente circulando em seu corpo. Os testes exigem que muitos vírus estejam presentes para dar positivo, muito mais do que os testes de PCR. Quando as pessoas testam cedo — logo após uma exposição, ou com as primeiras cócegas na garganta — a carga viral tende a ser baixa.

“Os testes simplesmente não são muito sensíveis. É uma limitação inerente a esse tipo de teste”, disse Sheldon Campbell, professor de medicina laboratorial na Escola de Medicina de Yale.

Pode ser confuso ter sintomas reconhecíveis e um teste negativo, mas especialistas dizem que os primeiros sinais do covid, como febre e fadiga, são normalmente causados pela resposta inicial do sistema imunológico ao vírus e não são necessariamente um reflexo da carga viral.

Testar novamente

Para receber uma autorização de uso de emergência da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, os fabricantes devem enviar dados mostrando que seu teste rápido é pelo menos 80% preciso, o que significa que retornará um falso negativo a cada cinco vezes. Como as pessoas costumam fazer testes muito cedo, os falsos negativos são ainda mais comuns no mundo real.

Uma grande meta-análise de mais de 150 estudos independentes de testes rápidos relatou que, em média, os testes detectam corretamente uma infecção por covid 73% das vezes quando uma pessoa é sintomática. Para infecções assintomáticas, a precisão cai para 55%.

Outras pesquisas sugerem que a precisão dos testes rápidos melhora alguns dias após a infecção. Um grande estudo divulgado como um artigo de pré-impressão no ano passado mostrou que os testes rápidos eram apenas 60% precisos no primeiro dia da infecção de uma pessoa se ela apresentasse sintomas. Se a pessoa fosse assintomática, a precisão caía para apenas 12%. No entanto, fazer um segundo teste 48 horas depois melhorou a precisão do teste rápido para 92% para pessoas com sintomas e 51% para infecções assintomáticas. Um terceiro teste após outras 48 horas melhorou a precisão para 75% para pessoas sem sintomas.

Por causa disso, o FDA agora recomenda os chamados testes em série: se você acha que foi infectado com o coronavírus, mas o teste é negativo, teste novamente em 48 horas, depois que o vírus tiver mais tempo para se replicar. Se ainda estiver negativo, faça mais um teste em mais dois dias (infelizmente, por uma questão de precisão, isso significará gastar mais dinheiro em testes).

Outra explicação possível para um resultado falso negativo é erro do usuário. Para ter certeza de que está testando corretamente, leia primeiro as instruções, mesmo que ache que sabe o que está fazendo.

“Muitos de nós até agora na pandemia fizemos testes várias vezes, e é fácil pensar: ‘Sim, sim, eu sei o que fazer’”, disse Hafer. “Retirar essas instruções e realmente garantir que você siga passo a passo é a melhor coisa a fazer, porque cada teste é um pouco diferente”. Por exemplo, os testes podem diferir em termos de quanto tempo você precisa para esfregar cada narina, até onde deve ir no nariz, quantas gotas usar na tira de teste e quanto tempo precisa esperar pelo resultado.

Outra dica é assoar o nariz antes. Os testes para covid detectam o vírus nas células que revestem o interior do nariz, não no muco, para que você não queira que o ranho atrapalhe a amostra. Além disso, verifique se você está indo longe o suficiente dentro do nariz.

A precisão não parece estar mudando a cada nova variante. Vários estudos descobriram que os testes rápidos funcionaram tão bem na primeira variante Omicron quanto nas cepas anteriores do vírus. E embora ainda não haja dados, os especialistas dizem que não há razão para pensar que as subvariantes mais recentes, como BA.5 e XBB.1.5, sejam diferentes. Isso porque a maioria das mutações ocorre na proteína spike, que o vírus usa para entrar e infectar uma célula. Os testes rápidos detectam um tipo diferente de proteína, chamada nucleoproteína, que sofreu muito menos alterações.

Sair da versão mobile