Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2016
Você quer saber se vai ser um milionário algum dia? Um bom indicador para começar a olhar é a cor de sua pele. A Bloomberg perguntou a economistas do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a seguinte questão: é possível calcular as chances de ser milionário nos Estados Unidos com base na idade, ensino e raça? Tendo realizado extensos trabalhos nessa área, os analistas da instituição William Emmons, Bryan Noeth e Lowell Ricketts concordaram em ajudar.
Entre três características demográficas, a raça sobressaiu-se como especialmente determinante para o patrimônio líquido de uma pessoa. Isso é ilustrado pelos contrastes gritantes que produz nos resultados de cada pessoa. Os efeitos são magnificados pela imutabilidade da raça.
Para o estudo, os analistas extraíram informações de quase 12,5 mil famílias da Pesquisa de Finanças do Consumidor do Fed, de 2010 a 2013. O resultado é um rico conjunto de dados que ilustra a interação de diferentes características no acúmulo de riqueza dos americanos ao longo do tempo.
Por exemplo, o ensino geralmente beneficia pessoas de todos os grupos étnicos e raciais, de acordo com a análise do Fed. Beneficia bem mais, contudo, os brancos e asiáticos do que os hispânicos e negros.
De acordo com a amostra, as chances de uma pessoa negra ser milionária aumentam de menos de 1%, se ele ou ela não tiver completado o colegial, para 6,7%, se tiver formação universitária. Os americanos brancos sem diploma colegial começam com chances um pouco melhores, de 1,7%, que aumentam altamente com mais anos de ensino: uma graduação universitária eleva sua probabilidade de acumular patrimônio líquido superior a 1 milhão de dólares para 37%.
As divergências que a raça cria são facilmente ilustradas na faixa de 40 a 61 anos. Na meia idade, um negro formado tem as mesmas chances de ser milionário que uma pessoa branca que completou apenas o colegial. Há uma ideia nos EUA de que “todos começam igualmente”, disse Emmons. “Os resultados com os quais continuamos a nos deparar sugerem que isso é meio difícil de imaginar.”
Não é raro ver como as diferenças de riqueza podem formar-se e persistir. Para começar, a discriminação pode prejudicar as perspectivas de emprego de alguns americanos. Outros estudos, durante as últimas décadas, mostraram que diferentes níveis de acesso a ensino ou de propriedade de imóveis, créditos, herança e assistência familiar também desempenham seu papel.
A grande influência que a raça, a idade e o ensino têm na vida de uma pessoa cria desafios para os que gostariam de usar políticas sociais para corrigir iniquidades. Por exemplo, jovens geralmente são mais vulneráveis a viradas no ciclo imobiliário, podem ter mais problemas para se estabelecer no mercado de trabalho e não são os melhores em tomar decisões financeiras.
Até o tempo beneficia os brancos e asiáticos bem mais do que outros grupos étnicos ou raciais. Um indivíduo asiático com menos de 40 anos tem 2,4% de chance de se tornar um milionário. Quando se aproxima da aposentadoria, as chances disparam para 21%. No caso dos hispânicos, as chances pouco variam segundo o período de vida: de menos de 1% quando são jovens para 2,3% quando têm 62 ou mais.
No entanto, é importante ter em mente que a riqueza é apenas um indicador de realização. “Todos saímos da loteria do nascimento com diferentes dons”, disse Emmons. “A partir desse ponto, o que se pode fazer para avançar em uma direção que lhe fará feliz? É isso o que realmente estamos tentando descobrir.” (AG e Folhapress)