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Economia Saída de dólares do Brasil feita por empresas de apostas e criptoativos pressiona o câmbio

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Mercado de criptoativos traz um nível de incerteza para as contas externas do Brasil. (Foto: Reprodução)

A velocidade de saída de dólares do Brasil derivada da compra de criptoativos e das apostas esportivas (bets) tem sido monitorada por economistas e operadores de câmbio, ainda que não faça frente a outras entradas de capital no país a ponto de gerar uma ameaça às contas externas no curto prazo. Porém, há um temor crescente entre os participantes do mercado de que, em um futuro não tão distante, a fuga de recursos do Brasil possa afetar não somente as contas externas, mas também o câmbio doméstico, que já tem sofrido pressão dessa vazão de capital.

Dados do Banco Central (BC) mostram que o fluxo negativo de dólares do Brasil via conta financeira neste ano se mantém elevado, em torno de US$ 48 bilhões até agosto, mesmo com uma melhora no fluxo de capitais vindo para a bolsa brasileira no começo do segundo semestre. Quando se tenta entender o motivo, ao observar o balanço de pagamentos, chama atenção a crescente saída das rubricas de criptoativos e de serviços recreativos (que englobam as bets). Juntas, elas somam US$ 14,7 bilhões entre janeiro e agosto, montante equivalente a 30% do resultado líquido da conta financeira no período.

“Ainda que haja uma baixa vulnerabilidade externa, não há um fluxo forte líquido vindo para o país”, diz a economista Iana Ferrão, do BTG Pactual. A diferença entre o que é observado no fluxo de dólares e o que é visto nas contas externas estaria justamente em como o criptoativo está sendo tratado. O fluxo computa esses números de saída, enquanto a conta corrente deixou de contabilizá-lo, após mudança metodológica do Banco Central, que acompanha regras do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Dinâmica incerta

O mercado de criptoativos traz um nível de incerteza para as contas externas do Brasil. Segundo Lima, não é possível prever quais são os vetores que influenciam esse fluxo de saída. “Não há como estimar o que vai acontecer. Não é igual a um título público, onde a taxa de juros dita a dinâmica. Temos uma perspectiva de maior incerteza sobre o balanço de pagamentos e, consequentemente, sobre a taxa de câmbio, que pode se tornar mais volátil.”

Iana Ferrão, do BTG, explica que um dos fatores que contribui para o aumento das saídas de capital via criptoativos é o uso dessas moedas digitais como meio de pagamento. Empresas de apostas online e plataformas que facilitam transferências internacionais estão utilizando criptoativos, especialmente stablecoins, para transações mais rápidas e econômicas. “Sabemos que algumas empresas de apostas online e algumas plataformas que fazem transferências internacionais estão usando criptoativos para pagamentos, pois a transação é mais rápida e barata”, comenta.

Implicações

Esse cenário levanta preocupações sobre a subestimação do déficit em conta corrente. Segundo Ferrão, se as saídas relacionadas a criptoativos e apostas estivessem contabilizadas como serviços recreativos ou viagens, a perspectiva da conta corrente seria diferente. Um possível indício dessa subestimação é o fato de que, apesar do número de brasileiros viajando para o exterior já ter voltado aos níveis pré-pandêmicos, os valores na conta de viagens internacionais do balanço de pagamentos estão inferiores aos registrados antes da pandemia.

Para Pedro Guimarães, líder de produtos do Ouribank, o volume de despesas com criptomoedas na conta capital é grande demais para se limitar a investidores especulativos ou à dolarização com stablecoins. “Pode haver relação com o crescimento do mercado de bets ou outras empresas que operam no país, mas com sede no exterior. Pode haver empresas tentando criar seus próprios trilhos de pagamentos para o exterior com cripto.”

Mercado cético

Embora novas regulamentações para as empresas de apostas online possam, eventualmente, reduzir a saída de capital via bets, o mesmo não pode ser dito para o mercado de criptoativos. O chefe de tesouraria de um grande banco, que preferiu não se identificar, destaca que ainda não existem regras para restringir essa fuga de capital.

Lívio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador associado da FGV/Ibre, traz uma visão um pouco diferente, não vendo necessariamente um problema no crescimento dos volumes em criptoativos e apostas. “A preocupação maior seria se parte desse avanço estiver relacionada a atividades ilegais”, pondera. Ele também destaca que a classe média e a classe média alta no Brasil têm se interessado por criptoativos, em vez de investimentos tradicionais, como fundos DI.

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