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Política Saída de Jean Paul Prates da Petrobras é um “risco político” e elevará incertezas sobre câmbio e juros, dizem economistas

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“O mercado não gosta de surpresa e não gosta de ser pego no contrapé", afirmam especialistas.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
“O mercado não gosta de surpresa e não gosta de ser pego no contrapé", afirmam especialistas. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

A demissão do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (14), representa maior risco político e criará incertezas sobre o câmbio e os juros, segundo analistas de mercado.

A decisão foi classificada como negativa pela Ativa Investimentos. “Sem entrar no mérito da nova escolhida, classificamos a decisão como negativa, uma vez que Prates vinha desempenhando o que classificamos como um bom papel na companhia, equilibrando os interesses econômicos e políticos da empresa com sabedoria”, destaca o analista Ilan Arbetman.

Segundo ele, na teleconferência de resultados do primeiro trimestre nesta terça-feira, quando participou apenas via vídeo gravado, Prates ressaltou seu compromisso com a remuneração do investidor e o investimento em ativos de petróleo, o que voltará a ficar sob reavaliação após a nova mudança de gestão. “Foi uma forma de falar que me surpreendeu”, diz Ilan.

Por ora, de acordo com ele, vale destacar o caráter negativo desta decisão, que ratifica, como destacou na análise dos resultados mais cedo, “o maior risco político da empresa e nossa recomendação apenas neutra para as suas ações”.

Na avaliação de Felipe Corleta, diretor de Investimentos da GTF Capital, o impacto da demissão de Prates deve gerar um grande ônus para o mercado local.

“Vai ser um dia muito pesado, o Ibovespa deve cair porque a Petrobras tem um peso enorme no índice e a notícia trará incertezas também do ponto de vista do câmbio e de juros, já que a Petrobras é uma estatal extremamente importante para o Brasil”, destaca.

Sobre a indicação de Magda Chambriard, ele avalia como outro ponto negativo, apesar da sua experiência no setor de petróleo. Ela carrega a marca que “causa calafrios” aos investidores.

“O mercado não gosta de surpresa e não gosta de ser pego no contrapé. Amanhã (quarta-feira), devemos ter uma queda expressiva das ações, que só vai acalmar após posicionamento claro da nova gestão, especialmente com relação a dividendos e investimentos”, diz.

Abertura nervosa

A repercussão da saída do presidente da Petrobras tende a pressionar a abertura do mercado brasileiro nesta quarta-feira (15), avaliam especialistas, citando não apenas a Bolsa como o câmbio.

“Sem comentar especificamente a mudança para a empresa, é possível dizer que a decisão tende a trazer efeitos também para o quadro macro, em um momento que já era difícil, com o Copom rachado na decisão sobre a Selic em maio e toda a situação no Rio Grande do Sul”, observa o economista André Perfeito.

Para o economista Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, “do ponto de vista da governança” da empresa, “cedo ou tarde isso ia acontecer”, referindo-se à queda de Prates e a chegada de um nome possivelmente mais alinhado a demandas do governo, principal acionista da estatal.

“Óbvio que reverbera muito mal, porque no final do dia teve a fritura do Prates, uma interferência do governo, além de toda a polêmica recente em torno dos dividendos”, acrescenta Marcatti.

“No final das contas, vai impactar a curtíssimo prazo. Mas não acho que mudará radicalmente, nesse momento, o direcionamento da política da empresa”, afirma Marcatti. “É só o início de um movimento já sabido, que desde o ano passado correspondia à vontade do governo. Mais do mesmo.”

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