Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de março de 2018
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi obrigado a fazer alterações em seu roteiro na manhã desta segunda-feira ao enfrentar protestos em sua chegada à cidade gaúcha de Bagé, ponto de partida de sua caravana pelos Estados da Região Sul.
Ruralistas e simpatizantes do deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se valeram de caminhões e tratores para bloquear o acesso da comitiva do líder petista à Unipampa (Universidade Federal do Pampa), criada durante a gestão de Lula no Palácio do Planalto (2003-2010). Os manifestantes, alguns deles em tratores e com um boneco “Pixuleco” atrás das grades), avançaram em direção à instituição de ensino, exigindo que a caravana utilizasse a via lateral do campus.
Já na saída, o petista precisou recorrer a um carro de som estacionado ao lado do ônibus da comitiva (permitindo que subisse rapidamente) para fazer o seu discurso. De acordo com a programação original, ele usaria um carro de som maior, mas que o deixaria mais vulnerável.
“Confesso que saio triste daqui”, desabafou o político que comandou o País por dois mandatos consecutivos e que hoje se encontra na iminência de ser preso após o esgotamento de seus recursos à Justiça contra a condenação a 12 anos e um mês de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do processo do apartamento triplex no Guarujá.
“Não vi empresário ofendendo a gente aqui. O que percebi foram pobres e trabalhadores, que às vezes estão até mesmo desempregados, ganhando alguma coisa para ofender a gente”, afirmou Lula, depois de declarar que não quer que o Brasil seja eternamente “um exportador de soja”.
Em um discurso de oito minutos, o ex-presidente chamou os seus opositores de “fascistas”, acusando-os de constranger professores e alunos para que não o recepcionassem na universidade: “Sinceramente, eu não esperava que nossa passagem por Bagé fizesse com que a direita fascista reclamasse junto ao MP que eu não pudesse fazer ato na universidade. Essas pessoas deveriam ter feito o protesto quando viemos criar a universidade.”
Roteiro
Ele chegou a cidade acompanhado da ex-presidenta Dilma Rousseff, do ex-governador Tarso Genro e da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Na porta da universidade, dezenas de simpatizantes receberam o ex-presidente. Bandeiras do PT, PDT e do PCdoB foram levadas pelos militantes.
Enquanto o ato petista tocava música gaúcha ao vivo com temática política, do outro lado os adversários políticos faziam soar uma versão do Hino Nacional em ritmo de axé. A Brigada Militar manteve os grupos separados.
Bagé foi a primeira das 12 cidades que o petista planeja visitar no Estado. Ele seguiu para a cidade fronteiriça de Santana do Livramento, onde participou de um encontro com os ex-presidentes José Mujica (Uruguai) e Rafael Correa (Equador).