Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de fevereiro de 2024
O salário mínimo do Brasil supera o valor pago na Argentina em quase US$ 100. Tamanha diferença nunca havia sido vista nas últimas três décadas, desde a adoção da atual moeda brasileira.
O quadro — desfavorável aos trabalhadores argentinos — é explicado pela desvalorização do peso e o reajuste inferior à inflação anunciado pelo governo Javier Milei.
Em janeiro, o salário-mínimo pago na Argentina foi de 156 mil pesos. Pela cotação oficial, o valor corresponde a US$ 188. No Brasil, no mesmo mês, o mínimo foi de R$ 1.412 – ou cerca de US$ 285 pela taxa de câmbio do período.
Ou seja, o valor pago no Brasil foi US$ 96 superior ao praticado na Argentina. Em termos proporcionais, os brasileiros receberam 51% a mais que os argentinos.
Historicamente, o salário-mínimo argentino supera o praticado pelo governo brasileiro na comparação em dólares. Desde a adoção do real como moeda brasileira, o mínimo do Brasil superou o da Argentina em apenas 12 dos 355 meses.
Aumento de 30%
O governo Milei anunciou o reajuste de 30% do salário mínimo em duas parcelas, em fevereiro e março. O novo valor foi anunciado após negociações frustradas entre patrões e empregados.
Durante essas negociações, o presidente argentino chegou a declarar que o governo poderia desistir de estabelecer um valor e que a remuneração mínima deveria ser negociada diretamente entre patrões e empregados.
O aumento de 30% será aplicado sobre o valor que vigorava desde dezembro. Esse reajuste, porém, cobre pouco mais que o aumento de preços em 45 dias na economia argentina.
Nos 31 dias de janeiro, a alta dos preços na economia argentina ficou em 20,6% e, em 12 meses, a inflação soma 254,2%.
Com o reajuste de fevereiro, o mínimo argentino sobe, em dólares, para cerca de US$ 214, mesmo assim abaixo do valor pago no Brasil.
Se mantida a taxa de câmbio, o valor previsto para março equivalerá a US$ 242. Mesmo assim, será 15% menor que o praticado no Brasil.
Salários mais baixo da região
Comparando todos os valores em dólares, apenas quatro países ganham menos que a Argentina.
A Nicarágua está atualmente negociando um novo piso salarial e o atual é de pouco mais de 5.000 córdobas (cerca de US$ 141), sua moeda local.
A lista continua com o Haiti, onde a categoria salarial mais baixa é de 13.500 gourdes (cerca de US$ 102) e Cuba, cujo salário mínimo é de US$ 88 ou 2.100 pesos cubanos em moeda local.
Há algumas semanas o presidente Nicolás Maduro anunciou um aumento no salário mínimo de US$ 70 para US$ 100, mas nem todos os trabalhadores venezuelanos recebem o salário mínimo.
Para isso, eles devem estar registrados no sistema “Patria”, uma plataforma regulada pelo governo da qual fazem parte pouco mais de 14 milhões de pessoas. O restante dos trabalhadores com salário mínimo recebe 130 bolívares (US$ 3,6).