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Por Redação O Sul | 2 de março de 2021
Entre o último dia 21 e a última segunda-feira (1°), o Estado de Santa Catarina teve 16 mortes de pacientes infectados com covid-19 que esperavam por leitos especializados para tratar a doença. A informação é do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SC) e da prefeitura de dois municípios.
Só em Chapecó, nove pessoas perderam a vida neste período dentro de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), onde aguardavam transferência para hospitais. Em Itapema, uma técnica de enfermagem morreu na sexta-feira (26) à espera de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Já na cidade de Xanxerê, a prefeitura contabiliza seis vítimas que estavam internadas em um hospital esperando por vaga especializada.
A última morte foi a de um homem na noite de segunda. A vítima tinha 66 anos e estava internada desde a tarde na emergência do Hospital Regional São Paulo (HRSP), onde aguardava um leito de UTI. Ele tinha outras comorbidades.
Todos os pacientes foram atendidos por médicos e profissionais de saúde, mas esperavam transferência para leitos especializados para tratar a doença, segundo informou a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Também segundo o governo, na noite de segunda havia 228 solicitações de transferência de pacientes por parte das regionais de saúde. A taxa de ocupação de leitos de UTI destinados a pacientes com covid-19 adulto é de 98,63% em Santa Catarina.
A SES não respondeu sobre o número de pessoas que já morreram em todo o Estado esperando leitos para tratar a covid-19. O governo informou, no entanto, que nenhum paciente morreu sem atendimento médico ou assistência.
“A SES ressalta que nenhum paciente veio a óbito sem assistência médica. Esse número [de pessoas na fila de espera] na realidade se refere às pessoas-pacientes inseridas na regulação à espera de transferência. Não significa em momento algum que não tenham atendimento ou assistência. Pelo contrário, todos os pacientes foram assistidos por equipes clínicas independente de estarem num ambiente físico de UTI”, informou.
Em reunião com o governo estadual, na segunda, representantes do Ministério Público do Estado de Santa Catarina, Federal e do Trabalho, Tribunal de Contas do Estado, da Defensoria Pública do Estado e da União cobraram medidas mais duras do Executivo para o enfrentamento da covid-19 e ressaltaram a preocupação com a desassistência na saúde.
“O que nos preocupa é que de quarta-feira [24] para ontem [segunda-feira, 1º], por exemplo, nós tivemos um acréscimo de 30 para 261 pacientes na fila de espera por vaga em UTI e quando isso ocorre com uma taxa de ocupação de praticamente 100% em todo Estado, o problema não é mais apenas o combate a pandemia”, disse procurador-geral de Justiça, Fernando da Silva Comin.
Leitos
Nos últimos 30 dias, Santa Catarina pactuou a abertura de 322 novos leitos clínicos e 170 de UTI em todas as regiões. As unidades foram ampliadas ou estão em processo de instalação. Na última semana, o governador Carlos Moisés (PSL), afirmou que mesmo com os esforços por abertura de novos leitos, todos são rapidamente ocupados.
Na segunda, o Estado voltou a cobrar dos municípios a reativação de leitos de UTI que foram fechados por unidades hospitalares em meados de outubro de 2020, mesmo com a pactuação existente e a garantia de custeio. Um levantamento realizado pela pasta da Saúde mostrou que 118 leitos continuam desativados em diversas regiões catarinenses.
Segundo o secretário da SES, André Motta, os hospitais filantrópicos e os públicos ampliaram consideravelmente a oferta de leitos e há discussões amplas nesta semana para que hospitais privados ofertam mais leitos.
“Temos ofertado recursos, garantido custeio, equipamentos e pactuado com hospitais em todo Estado. O momento é grave e de atenção e precisamos ofertar mais”, disse.