A Casa de Saúde de Santa Maria abrirá ainda em novembro o primeiro ambulatório de especialidade no processo transexualizador do interior do Estado. O serviço, implementado com recursos estaduais do programa Assistir, é focado no atendimento clínico e psicossocial das pessoas que queiram fazer a transição de gênero com tratamento hormonal.
“Nós já atendemos esse público na rede de saúde, mas, agora, teremos um espaço também de acolhimento às pessoas transgênero. Este é diferencial da nossa região”, explicou a coordenadora da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Fabricia Ennes da Silva Costa.
A equipe do ambulatório transexualizador é composta de médicos endocrinologista, psiquiatra, clínico geral, urologista, ginecologista, fonoaudiólogo, psicólogo, assistente social e enfermeiro. Serão oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 240 consultas por mês, além de exames laboratoriais para 33 municípios da região de Santa Maria.
A diretora do Departamento de Gestão da Atenção Especializada da Secretaria da Saúde (SES), Lisiane Fagundes, destaca que o ambulatório habilitado na Casa de Saúde de Santa Maria presta o cuidado que não é cirúrgico: “Quando existe o desejo ou necessidade por parte do paciente de passar pela cirurgia de redesignação sexual, ele é encaminhado para outro hospital que realize esse serviço”.
De acordo com Lisiane, no Estado hoje existe um hospital habilitado para realizar a cirurgia de redesignação sexual, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, e apenas uma vaga por mês. Em todo o País apenas cinco hospitais oferecem a cirurgia.
“Com os ambulatórios incentivados pelo Assistir, vamos conseguir organizar melhor a rede de atendimento a esses pacientes. Assim, só será encaminhado ao Clínicas quem vai efetivamente passar por um processo cirúrgico, mantendo quem tem interesse por fazer a transição apenas com uso de hormônios vinculados ao ambulatório”, completou a diretora.
“O ambulatório transexualizador é um grande marco para a saúde de Santa Maria, e o Hospital Casa de Saúde sente-se lisonjeado por ser o escolhido para implantação desta especialidade”, falou a administradora da instituição, Ariéle Pereira.
A equipe técnica do hospital está recebendo capacitação e participando de rodas de conversas com pessoas que passaram pela transição de gênero, ouvindo como elas gostariam de ser tratadas no serviço de saúde. “As pessoas trans sofrem discriminação e preconceito. Nosso objetivo, como em todas as especialidades já atendidas neste hospital, é realizar um atendimento pautado na política de humanização, com carinho respeito e acolhimento a todos”, disse Ariéle.
Incentivo para outras áreas
A Casa de Saúde recebia um incentivo mensal de R$ 40 mil que, com o novo Assistir, passa a ser de R$ 70 mil, o que possibilitará com que implante ainda um ambulatório de traumato-ortopedia, para aumentar a oferta de consultas, exames e procedimentos cirúrgicos.
Além disso, a instituição passou a receber mais R$ 100 mil mensais, também pelo programa Assistir, para implantar o serviço de urgência e emergência para atender, preferencialmente, casos de traumato-ortopedia. O serviço, tecnicamente, é chamado “porta de entrada Geral III”.