Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontam São Leopoldo (Vale do Sinos) em terceiro lugar dentre as cidades brasileiras nas quais o preço médio dos imóveis subiu mais que a inflação em 2024. O município gaúcho fechou dezembro com o metro-quadrado custando R$ 5.101, uma alta de 15,74% – mais que o triplo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no ano (4,71%).
No topo da lista aparece Curitiba (PR), com R$ 10.703 o metro-quadrado (elevação de 18%). Na segunda posição está Salvador (BA), com R$ 6.766 (16,38%).
O preço dos imóveis teve crescimento real em 2024, mas caminha para uma evolução mais branda em 2025. A tendência, de acordo com estimativas de agentes de mercado, é avançar agora mais alinhado com a inflação.
Ao longo de 2024, o preço médio dos imóveis no País cresceu 7,7%, de acordo com pesquisa FipeZap divulgada nesta terça-feira, 7. O resultado superou a inflação estimada para o ano, de 4,64%.
Na maior cidade do País, São Paulo, o aumento foi de 6,56%. As capitais com as maiores altas foram Curitiba (18%), Salvador (16,38%) e Belo Horizonte (12,53%). Já as capitais com as menores altas foram Rio de Janeiro (3,13%) e Brasília (3,71%). Não houve recuos de preços nas capitais.
O Índice Fipezap é calculado pela Fipe com base nos anúncios de classificados de imóveis residenciais prontos em um total de 56 cidades. A pesquisa apura os valores pedidos, não os valores dos negócios fechados.
De acordo com analistas, o que motivou o crescimento nos preços ao longo do ano foi uma combinação de demanda aquecida da população, tendo como base o desemprego em queda, a renda em alta e os incentivos de programas públicos para habitação popular:
“Vimos a busca por imóvel crescendo. E ainda hoje ela se mantém em um patamar alto”, disse o gerente de Pesquisa e Inteligência de Mercado do Grupo OLX, Coriolano Lacerda, que está à frente da pesquisa Fipezap.
Ele menciona o fato de que, no começo de 2024, havia expectativa de queda dos juros, o que se confirmou nos primeiros meses do ano, impulsionando a demanda por imóveis e a liberação de financiamentos bancários para a aquisição da casa própria. Esse quadro foi revertido só no fim do ano, quando os juros voltaram a subir.
“O financiamento ajudou bastante a deixar a demanda por imóveis aquecida. Hoje, os juros estão crescendo, o que tira muitas pessoas do jogo”, acrescenta. “A expectativa ainda é de demanda alta por imóveis em 2025, mas esperamos que o mercado imobiliário tenha uma dinâmica menor. Então, a expectativa para o preço dos imóveis é de uma alta mais em linha com a inflação, em torno de 5%.”
Bancos como Caixa, Santander, Itaú e BRB, por exemplo, já elevaram as taxas do crédito imobiliário, enquanto outras instituições devem seguir o mesmo caminho. Na prática, isso representa elevação do valor da parcela, o que reduz a capacidade de pagamento da população e diminui o número de famílias aptas a fechar negócio.
O aumento de 1 ponto porcentual no juro do financiamento imobiliário tira em torno de 550 mil famílias do mercado, calculou Ana Maria Castelo, coordenadora de estudos da construção na Fundação Getulio Vargas (FGV). “Acho que o mercado de imóveis de médio e alto padrão vai sofrer. É difícil manter a tendência recente”, ressalta Castelo.
Custos sob pressão
Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia prevê que 2025 será “muito desafiador” para as construtoras devido aos aumentos dos custos de mão de obra, materiais e do capital. “O resultado disso será uma alta no preço final dos imóveis, o que não é bom nem para o empresário, nem para o consumidor final”, destacou.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) aumentou 6,34% nos últimos 12 meses até novembro. Neste período, o custo com a mão de obra cresceu 8,22% e o custo com materiais e equipamentos avançou 5,18%. Dessa forma, os custos da construção aumentaram mais que a inflação oficial do País. (Estadão Conteúdo)