Ícone do site Jornal O Sul

São Paulo e Flamengo decidem a Copa do Brasil a partir deste domingo

Pela primeira vez desde 2001, a Copa do Brasil será decidida em dois fins de semana. (Foto: Divulgação/CBF)

Mostrando o salto que o torneio deu nos últimos anos, pela primeira vez desde 2001, a Copa do Brasil será decidida em fins de semana. Às 16h deste domingo (17) e do próximo (24), Flamengo e São Paulo duelarão em busca do título.

A competição atravessou períodos de crise, com momentos em que chegou a ser preterida pelos clubes que disputam a Libertadores, até a condição atual, de mina de ouro com potencial para salvar uma temporada. Um status que torneios deste formato não desfrutam em outras ligas.

O sucesso da Copa brasileira fica evidente quando se analisa seu sucesso comercial. A edição deste ano termina com 22 patrocinadores, com direito a um novo contrato de naming right até 2025. No total, são quatro a mais em relação à edição anterior.

Os valores recebidos pela CBF pelos direitos comerciais do torneio não foram abertos pela entidade. Mas o aumento é refletido no crescimento da premiação paga aos clubes. Pela primeira vez, passou os R$ 400 milhões. Segundo a entidade, um crescimento de 17% em relação a 2022.

A turbinada na premiação, iniciada em 2018, foi o grande trunfo da CBF para reconquistar a atenção dos clubes. Desde que as equipes da Libertadores voltaram a participar, em 2011, vinha sendo comum que eles priorizassem as outras competições em detrimento do torneio de mata-mata nacional. Com todos os principais times novamente empenhados na Copa, o sucesso nas arquibancadas e comercial entrou numa linha ascendente.

Para se ter uma ideia, o campeão da Copa da Inglaterra receberá ao todo 3,9 milhões de libras (R$ 23,9 milhões) em premiações. Já o vencedor da Copa do Brasil, seja Flamengo ou São Paulo, embolsará um total de R$ 88,7 milhões. Mesmo o vice ficará com uma bolada maior: R$ 48,7 milhões.

As copas são as competições mais antigas do futebol. A da Inglaterra é o mais longevo torneio nacional de clubes do mundo, com sua primeira edição realizada entre 1871 e 1872. O formato, com muito menos jogos do que os pontos corridos, torna sua realização mais viável e menos onerosa para os participantes.

O Brasil já flertava com este modelo há muitos anos, como mostra a Taça Brasil (torneio realizado a partir de 1959 cujos vencedores são considerados os primeiros campeões nacionais). Mas a Copa como a conhecemos hoje nasceu em 1989. Sua criação buscou atender uma demanda que o principal campeonato do país já não atendia mais: ser democrática. Ou seja: permitir que clubes de estados menos tradicionais e sem representação na elite tenham oportunidade de enfrentar os mais ricos e badalados. E, graças ao formato, com chance até mesmo de brigar pelo título.

Nas principais ligas do mundo, o regulamento até hoje tenta manter esta tradição democrática. A principal ferramenta para isso são as fases em jogo único. Na Inglaterra, na Alemanha, na França e na Argentina, todas as fases são assim. Na Espanha, na Itália e em Portugal, há a exceção das semifinais, realizadas em dois confrontos. Alguns países ainda adotam outros critérios com o intuito de aumentar as chances de haver azarões, como o mando de campo para os times das divisões inferiores (como na Copa do Rei e na da França).

No Brasil, os azarões foram mais frequentes nos primeiros anos, enquanto o torneio contou com 32 participantes, e entre 2004 e 2010, quando os participantes da Libertadores não jogavam. Foram nestas edições que o país viu equipes como Criciúma (1993), Santo André (2004), Paulista (2005) e Sport (2008), além de finalistas como Goiás (1990), Ceará (1994), Figueirense (2007) e Vitória (2010).

O sucesso no aumento da relevância da Copa do Brasil nos últimos anos fez com que ela pagasse um preço. A valorização pelos clubes mais ricos e a disputa em jogos de ida e volta desde a terceira fase limitou seu caráter democrático às etapas iniciais. Nas últimas 10 edições, apenas 5 equipes de fora da Série A estiveram entre as oito primeiras. E apenas uma (América-MG, em 2020) foi semifinalista.

Sair da versão mobile