Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de abril de 2025
Um satélite russo secreto, que autoridades dos Estados Unidos acreditam estar conectado a um programa de armas nucleares, parece estar girando descontroladamente no espaço. A avaliação de analistas norte-americanos é de que o “Kosmos 2553” pode ter deixado de funcionar, o que seria um revés para os esforços de Moscou no desenvolvimento sistemas bélicos fora do planeta.
Lançado pela Rússia em fevereiro de 2022 (semanas antes da invasão da Ucrânia), o artefato já apresentava sinais de comportamento anormal há meses, segundo dos analistas. Dados do radar Doppler da LeoLabs e imagens da Slingshot Aerospace apontam vários episódios de rotação errática ao longo do ano passado. Em novembro, a LeoLabs detectou movimentos incomuns e, em dezembro, elevou sua avaliação para “alta confiança” de que o satélite estava em queda livre.
O “Kosmos 2553” orbita a cerca de 2.000 quilômetros da Terra, em uma região de alta radiação cósmica normalmente evitada por satélites de comunicação ou observação. Oficialmente, a Rússia afirma que o satélite é usado para testes de instrumentos em ambientes de alta radiação. No entanto, autoridades norte-americanas acreditam que ele serve como plataforma de testes para o desenvolvimento de armas nucleares capazes de destruir redes inteiras de satélites, como a constelação Starlink da SpaceX, utilizada por tropas ucranianas.
O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington, afirmou que a análise da LeoLabs “sugere fortemente que o satélite não está mais operacional”. O Comando Espacial dos Estados Unidos também confirmou mudanças na altitude do “Kosmos 2553”, mas se recusou a fazer avaliações sobre o funcionamento do satélite.
Apesar dos sinais de falha, observações mais recentes da Slingshot indicam que o satélite pode ter se estabilizado. Segundo Belinda Marchand, diretora científica da empresa, houve uma variação no brilho do objeto, o que inicialmente sugeria problemas, mas atualmente aponta para uma possível recuperação da estabilidade.
O episódio ocorre em meio à intensificação da corrida espacial entre Estados Unidos e Rússia. Nas últimas décadas, a competição, antes restrita à exploração espacial, passou a incluir tecnologias militares, com foco especial na proteção de satélites civis e militares.
Incongruência
De acordo com o Comando Espacial dos Estados Unidos, a inconsistência entre a missão declarada pela Rússia e as características observadas do “Kosmos 2553” aumenta o risco de interpretações equivocadas e de uma possível escalada militar no espaço.
O equipamento é um dos diversos satélites russos sob suspeita de envolvimento em programas militares e de inteligência. Autoridades norte-americanas consideram que o desenvolvimento de armas antissatélite representa uma ameaça direta a infraestruturas espaciais dos Estados Unidos. O Ministério da Defesa da Rússia ainda não se posicionou sobre os rumores. (Com informações do site Valor Econômico)