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Carlos Roberto Schwartsmann Saúde, descendo a ladeira

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Sem ser apocalíptico e aceitando opiniões contrárias, acho que a desafortunada saúde no Brasil iniciou a sua decadência após 3 decisões maléficas marcantes na nossa história:

A Municipalização, o programa mais médicos (PMM) e a “Universidade para todos”.

A constituição de 1998, que nos deu mais direitos e menos deveres, municipalizou a saúde. O governo federal, o grande gerenciador da saúde no nosso país dividiu sua responsabilidade com os estados e municípios. Foi criado o SUS, uma boa ideia! Entretanto esquecemos que somos 5.570 municípios. Completamente heterogêneos. Somos diferentes na dimensão, na população, na economia e nos recursos humanos.

O governo central detém 60% da arrecadação de tributos e arca com 40% do financiamento do SUS.

Os municípios arrecadam 17% da carga tributária brasileira. Se responsabilizam por 32% do aporte financeiro SUS.

Este financiamento é regulado por uma tabela que é referência de pagamento para médicos, hospitais e fornecedores.

Ele tem sido lentamente sufocado, pois a tabela tem reajustes minguados, insuficientes e inconstantes.

Hoje a defasagem é tão grande que a Santa Casa de Porto Alegre perde anualmente 140 milhões atendendo o SUS!!

O segundo torpedo lançado contra a saúde do brasileiro foi o programa mais médicos de 2013. O Brasil, desprestigiando os médicos brasileiros, contratou 18.000 cubanos.

A desenvergonhada política, com viés financeiro, permitiu que médicos estrangeiros sem qualificação profissional atuassem no país. No exame médico do “REVALIDA” somente 28% foram aprovados.

No Uruguai foram todos reprovados.

E finalmente a saúde foi mais enfraquecida ainda com o programa “Universidade para todos” Esta filosofia determinou que desde a virada do século até agora quadruplicássemos o número de faculdades de medicina.

Frustrado e envergonhado, depois de mais de 40 anos lecionando na universidade, reconheço o inimaginável declínio da formação médica.

Hoje estamos liberando médicos com formação deficiente, com pouca experiência clínica e mal lapidados. Logicamente existem inúmeras exceções.

Ciente disto, fico estarrecido e triste ao saber que só no RGS, serão criadas mais de 480 vagas para alunos de medicina. No Brasil, serão quase 20 mil.

A abertura de escolas médicas, sem condições de formar bons profissionais é um negócio bilionário e lucrativo, mas representa sérios riscos à saúde da nossa população.

Hoje a educação médica já é precária por falta de infraestrutura, hospitais e corpo docente.

No futuro ela certamente será pior, incerta e imprevisível.

Na medicina, a qualidade é muito mais importante do que a quantidade.

Só um bom médico é avalista de uma saúde boa.

A nossa está descendo a ladeira!!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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