Os pais de Yasmin Pereira de Souza pretendem entrar na Justiça contra a prefeitura do Rio de Janeiro. Uma advogada já está cuidando da ação para a família. A criança nasceu morta na última terça-feira (17) e o seu corpo desapareceu dentro do Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon. A polícia investiga a possibilidade de ter sido incinerado.
“Estou conversando com a mãe da minha filha. A gente quer saber o paradeiro do nosso bebê. Se existe Justiça no Brasil, a gente tem de ir atrás dela”, desabafa o frentista Raimundo Claudeivid Martins de Souza, de 28 anos, pai da criança.
Segundo o rapaz, a principal indignação da família é a falta de informação. O frentista disse que nenhuma satisfação foi dada aos pais pela unidade de saúde. Tudo que ele sabe é através da imprensa.
A mãe da criança, uma jovem de 22 anos que ainda está em estado de choque e pediu para não ser identificada, deu entrada no hospital na madrugada de terça-feira da semana passada, aos oito meses de gravidez e já apresentando sinais de que havia chegado a hora do parto.
A única informação recebida pelos pais é a de que a criança tinha nascido morta por falta de oxigênio. A mãe nunca chegou a receber o bebê nos braços. Uma amiga dela, Tânia Vera de Sousa contou ter visto a criança já morta e só encontra uma resposta para o mistério do desaparecimento do corpo:
“Foi uma irresponsabilidade muito grande deles (hospital). Eu vi a criança. Tinha o nome dela na roupa. Não tinha como confundir”, afirmou a amiga, contando que o enxoval do bebê estava todo pronto, à espera de sua chegada.
Raimundo e a mãe da criança vivem em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, mas não moram juntos. O bebê seria o primeiro filho de ambos e era aguardado com bastante ansiedade pelos dois.
Na noite de segunda-feira, o delegado Antônio Lopes Martins Júnior, da 14ª DP (Leblon), que está investigando o desaparecimento do corpo do bebê ouviu uma servidora responsável pelo necrotério do hospital. Segundo ele, uma das linhas de investigação é a de que erros de procedimento podem ter levado à incineração do corpo da recém-nascida. O delegado disse ainda que essa funcionária é tratada como suspeita.
“Ela é suspeita de erros de procedimento que podem ter levado à incineração do corpo”, disse o delegado.
Segundo o delegado, que deve ouvir outras testemunhas nesta terça-feira, as investigações ainda estão no início. Ele disse que a dificuldade em definir responsabilidades se deve ao fato de ninguém querer assumir um erro desses, que pode levar a sanções penais, cíveis e até mesmo administrativas.
“Os dias parecem mais longos sem resposta. É uma tortura”, disse Tania, amiga da mãe da criança.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que abriu uma sindicância para apurar o caso, mas afirmou não ter novidades sobre a investigação.