O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com ironia ao manifesto divulgado na quarta-feira (31) por seis presidenciáveis em defesa da democracia, mas disse que o PT pode buscar alianças além dos partidos de esquerda “se for preciso chegar no centro para ganhar as eleições”.
Ao comentar a carta em entrevista à Rádio BandNews FM na quinta-feira (1º), Lula recomendou aos adversários “não inventar candidato” e criticou os signatários por não terem se alinhado com o postulante do PT nas eleições de 2018, Fernando Haddad.
“Tenho certeza que vamos construir alianças no setor de esquerda e, se for preciso chegar no centro para ganhar as eleições, a gente vai chegar”, disse o ex-presidente, que recuperou os direitos políticos após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin.
“Tome muito cuidado com isso. Toda vez que você fica tentando pescar em terra seca, não tem peixe. Você não inventa candidato. Se inventar, o resultado é nefasto”, declarou o petista.
O “Manifesto pela Consciência Democrática” foi assinado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), pelo apresentador de TV Luciano Huck, pelos ex-candidatos presidenciais em 2018 Ciro Gomes (PDT) e João Amoêdo (Novo) e pelos governadores tucanos de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
“Todos eles tiveram a chance em 2018 de deixar a democracia garantida votando no Haddad. Essa gente preferiu votar no Bolsonaro”, disse Lula. “Ciro só foi para Paris, não votou.”
Bolsonaro
Apesar de não ter sido questionado diretamente sobre o presidente da República, Lula incluiu em suas respostas na entrevista diversas críticas a Jair Bolsonaro, principalmente em relação à condução do País durante a pandemia de coronavírus. O petista falou em “genocídio praticado pela responsabilidade de um único homem”.
“Ninguém quer conversar com ele”, disse Lula sobre Bolsonaro. “Se ele estiver andando em uma calçada e encontrar outro presidente, o outro vai mudar de calçada.”