Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2019
Em entrevista para a BBC News, o diretor do Centro Jerry Lee de Criminologia Experimental da Universidade de Cambridge, Lawrence Sherman, afirmou que “armas são letais”. Segundo ele, “quem disser que são efetivas (no combate ao crime), não olhou de perto as evidências”.
Como exemplificou, “não há nenhuma demonstração que você vai reduzir taxas de homicídios se você aumentar o numero de armas na sociedade. Pode ter alguma evidência relacionada a roubo… mas há um preço alto. Pessoas que têm armas dentro de casa para se proteger de roubos têm mais chances de serem mortas pelas próprias armas, que podem ser usadas pelos ladrões”. Há pouco mais de uma semana, uma mulher foi morta no interior do Rio Grande do Sul, após ter levado um tiro acidental, disparado pelo marido, que a confundiu com um assaltante.
Ainda de acordo com o criminologista, “todas as evidências que temos nos Estados Unidos mostram que se há mais armas, há mais crimes. Simples assim. Os australianos flexibilizaram o uso de armas 20 anos atrás e enfrentam problemas com mortes por arma de fogo e suicídios”. O especialista demonstra que a flexibilização do uso de armas, como foi proposto pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, pode levar a aumento no número de mortes causadas por estas.
Para Sherman, a sociedade tem um grande papel para reduzir a criminalidade: “A experiência (britânica) mostra que é um longo processo, tem uma sequência histórica e, o mais importante, tem o papel da classe média em exigir mais ordem, profissionalismo e independência da polícia para fazer a coisa certa sob a supervisão do Judiciário”. De acordo com ele, a solução para uma sociedade menos violenta é “a classe média reagir e mostrar um apetite por uma polícia menos violenta”.