Na véspera das comemorações do bicentenário da Independência do Brasil neste 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro comentou não ter dúvida: “se o Brasil tivesse outro chefe do Executivo em meu lugar, o país já viveria em uma ditadura”. O presidente fez esta afirmativa ontem, no Jornal da Manhã, da Jovem Pan News. Ao ser questionado sobre acusações de ser autoritário, Bolsonaro criticou recentes decisões dos ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin, citando a limitação do decreto de armas e as investigações contra empresários e questionou quem estaria sendo, de fato, autoritário no país. “Geralmente, quem parte para o autoritarismo e busca uma maneira de perpetuar-se no poder é o chefe do Executivo. E vocês veem exatamente o contrário. (…) Nós vimos há pouco tempo, em um clube em São Paulo, pessoas criticando o [ministro] Alexandre de Moraes. Lá estava, por coincidência, um assessor dele, levou para o ministro e, ele determinou a prisão do pessoal para investigação. Para onde estamos indo?”. Bolsonaro questionou também o inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos como exemplos de decisões pouco democráticas de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE):
“Qual a acusação? Atos antidemocráticos. Resume-se tudo. É o que estão fazendo no Brasil. Essa decisão agora também, de armamentos, é absurdo e arbitrariedade. Nós só podemos fazer coisas que estejam definidas em lei. E comentem esses absurdos. Eu ouso a dizer, se não sou eu o presidente, o Brasil já estaria numa ditadura.”
Jair Bolsonaro: “covardia da imprensa na investigação tendenciosa de imóveis”
Jair Bolsonaro afirma que há uma covardia da imprensa por divulgar matéria, de autoria da Folha de S.Paulo e Uol, a menos de 30 dias das eleições, descrevendo de forma tendenciosa, aquisições de imóveis de seus familiares, nos últimos 32 anos: “por que eu tenho que responder por essas pessoas?”. “Não tem como me atingir, buscam a minha família. Como por exemplo, há dois anos atrás, foram para cima da minha esposa porque ela teve uma avó condenada a dois anos de cadeia em 1997. Eu conheci a Michelle em 2007, 10 anos depois. Mas botam na conta da gente uma avó dela que foi presa por dois anos. (…) Não tem nada contra mim. Qual o objetivo? É eleger o Lula? Dizer que eu sou tão corrupto quanto ele? Tem cabimento isso? Eu sou tão corrupto quanto o Lula?”, questionou. O presidente da República disse ainda não duvidar que seja feita uma operação política de busca e apreensão em residências de seus parentes. “Vão fazer para dar aquele: ‘olha a família de corruptos’”, declarou Bolsonaro. “Covardia que fazem com familiares meus. Façam comigo, venham para cima de mim. Não têm coragem. Não tem o que pegar de mim”, concluiu.
A palhaçada dos imóveis da família Bolsonaro
Os jornalistas da UOL ficaram 7 meses investigando de forma obsessiva a família. Qualquer um com o sobrenome Bolsonaro foi investigado pelos jornalistas, o que gerou investigação em 32 pessoas, incluindo mãe, filhos, ex-mulheres, irmãos, tios e até um ex-cunhado. Levantaram 107 patrimônios, movimentados em 32 anos, podendo ser compra, venda, ou transferência por inventário, por exemplo. Essa movimentação imobiliária feita em 32 anos somou 13 milhões de reais.
– Como são 32 anos… 400 mil reais por ano.
– Como são 32 pessoas… 12.5 mil reais, por pessoa, por ano.
– Ou… 1 mil reais, por pessoa, por mês.
As manchetes diziam, que a movimentação foi feita em “dinheiro vivo”, mas a própria matéria diz que o modo de pagamento registrado em cartório foi “moeda corrente”. A Moeda Corrente, no Brasil, desde 1994, é o real, que não é “padronizada para repasses em espécie” como dizem na matéria. Pagamento em Moeda Corrente pode ser feito em espécie, transferência eletrônica, em cheque, e agora pode ser também em pix. A matéria, sem mencionar o índice utilizado, diz que os valores atualizados somam 25,6 milhões. Se tiverem feito as atualizações corretamente, ao invés de 1 mil reais, por pessoa, por mês, teríamos 2 mil reais, por pessoa, por mês.
Resumo: os repórteres gastaram 7 meses para fazer uma matéria ridícula dessas. Se apurassem o sítio de Atibaia, o apartamento triplex, os bens colocados em nome da falecida D. Marisa ou dos filhos, e outros bens de Lula, descobririam coisa bem pior, com mais facilidade. Mas isso não interessa no momento.
Colégio Notarial do Brasil diz que “imóvel comprado em moeda corrente não é em dinheiro vivo”
O Colégio Notarial do Brasil, que representa 9 mil notários do país, informa que “em um contrato comercial, quando se especifica que o pagamento será feito em moeda corrente nacional, significa dizer que não será aceito o pagamento por intermédio de ouro, imóvel, colheita, animais, etc.; mas sim em reais (que é a moeda corrente do Brasil)”, informa o texto.
A assessoria de imprensa da entidade afirmou que “moeda corrente contada e achada certa é um termo padrão nas escrituras públicas, por ele não dá para afirmar qual foi o meio de pagamento utilizado”.
O site especializado Mundo Notarial esclarece ainda, que “moeda corrente, para quem não sabe, é dinheiro utilizado em um território. Ou seja, é o tipo de dinheiro que vale dentro de um país. Já pagamento em espécie é aquele feito com notas e moedas. “Também podemos chamá-lo de dinheiro físico, cédula ou papel-moeda.”