Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de setembro de 2024
Eles são bem-sucedidos, têm fama, riqueza e são invejados por grande parte do mundo. Ainda assim, muitas vezes falta alguma coisa: a dor é invisível perante os outros, mas insuportável para quem sente. E isso também acontece com os anônimos que não encontram mais saída e resolvem dar cabo da vida para acabar de vez com os problemas. Artistas como Leila Lopes, Chorão, Walmor Chagas, Flavio Migliaccio, Robin Willians, entre outros, enfrentaram as dificuldades com o suicídio, um grande problema de saúde mental, principalmente em tempos modernos.
Para que a situação melhore, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), desde 2014, colocou no calendário nacional a campanha internacional Setembro Amarelo. Em 10 de setembro, ocorre, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Atualmente, o Setembro Amarelo é a maior campanha antiestigma do mundo! Em 2024, o lema é Se precisar, peça ajuda!
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2023, foram registrados mais de 800 mil suicídios no mundo. Todos os anos morrem mais pessoas que deram fim à própria vida do que de HIV, malária ou câncer de mama – ou ainda guerras e homicídios. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, o que significa dizer que, em média, por dia, 38 pessoas se matam. A cada 100 mil homens brasileiros, 12,6% cometem suicídio; entre mulheres, a comparação aponta para 5,4% casos de suicídio a cada 100 mil mulheres brasileiras.
Segundo a OMS e o Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência entre os jovens brasileiros de 15 a 29 anos e no mundo todo a a segunda causa de mortes de jovens no mundo, depois de acidentes de trânsito. Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS.
Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas de forma inadequada. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
Para o psiquiatra Felipe Feldman, muita gente acha que é melhor não falar sobre depressão e suicídio, mas ele pensa de outra forma. “Existe um tipo de pensamento na nossa sociedade, em alguns grupos, de que é melhor não falar sobre isso para, entre aspas, não dar ideia para a pessoa fazer. Eu penso de forma completamente oposta. Acho que para evitar, a gente deve falar sobre isso, procurar um profissional, um psiquiatra, um psicólogo e aí vão sendo feitos os encaminhamentos. Se for necessária, a medicação ajuda muito, a psicoterapia também”.
Visibilidade
Feldman, que há 15 anos atua na área da psiquiatra, seja em consultório particular ou no SUS, é ex-diretor do Instituto Municipal Philippe Pinel e membro da , SBPRJ (Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro), afirma diz que a campanha Setembro Amarelo é muito importante.
“Gosto principalmente porque ela traz visibilidade para pessoas que podem estar ignorando o assunto. Não é que nós tratemos só disso, imagina, dentro da psiquiatria existem diversos capítulos, diversas psicoses, a loucura propriamente dita, as pessoas apresentam delírios, alucinações, rompem com a realidade, a gente tem o capítulo dos transtornos de humor. O diagnóstico principal é o transtorno bipolar, quando tem oscilações entre momentos de mania e euforia, ou depressão, entristecimento leve, moderado ou grave”.
Para o profissional, os transtornos de ansiedade estão cada vez mais presentes em nossa sociedade. “Os próprios transgêneros de ansiedade num grau muito elevado levando a pessoa a um esgotamento que é a síndrome de burnout, ela pode levar a quadros como esse de ideação ou até mesmo tentativa de suicídio o que se constatado é patológico em si”.
O psiquiatra explica que o suicídio é multifatorial. “Não é só um motivo, a pessoa está triste e comete o suicídio. Não! Existem vários tipos de suicídio. Existe um suicídio realmente de uma depressão essencial, existe um suicídio daquela pessoa que tem um primeiro surto psicótico, existem suicídios até políticos, pessoas que se matam em nome de uma causa”.