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Política Secom muda o tom após ironia contra rivais irritar o Palácio do Planalto

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Ao ser consultado se a postagem sobre Bolsonaro deveria ser excluída, o mandatário reduziu a importância das críticas e decidiu manter a publicação.

Foto: Jose Cruz/Agência Brasil
Ao ser consultado se a postagem sobre Bolsonaro deveria ser excluída, o mandatário reduziu a importância das críticas e decidiu manter a publicação. (Foto: Jose Cruz/Agência Brasil)

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo federal decidiu barrar a produção de peças nas redes sociais que ironizem o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, familiares ou aliados em investigações da Polícia Federal. A orientação foi alterada depois de uma publicação com indireta ao vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-mandatário, ter gerado cobrança do presidente Lula por explicações e reações negativas até entre governistas.

A nova diretriz ficou evidente na semana passada, quando nenhuma publicação foi feita após a investida mais ampla da operação que mirou Bolsonaro e aliados.

No fim de janeiro, Carlos Bolsonaro foi alvo de mandados de busca e apreensão por suposta participação em um esquema de monitoramento ilegal praticado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A Secom publicou nas redes socais uma peça com a mensagem “toc, toc, toc”, que orientava a população a receber a visita de agentes comunitários de saúde para o combate à dengue.

A publicação foi criticada por integrantes do governo, que mostraram o post a Lula. Em seguida, o presidente pediu explicações ao ministro da Secom, Paulo Pimenta. O mandatário questionou a origem do meme “toc, toc, toc”. Auxiliares explicaram que a então deputada Joice Hasselmann, em discurso na Câmara, usou a onomatopeia para simular batidas da polícia na porta do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso em junho de 2022 durante a operação da PF que investigava suposto tráfico de influência na liberação de recursos.

Também foram levados a Lula vídeos com comentários que condenavam a estratégia do governo usada na publicação. De acordo com relatos, o presidente afirmou a auxiliares que não gostou da abordagem da publicação. No entanto, ao ser consultado se a postagem deveria ser excluída, o mandatário reduziu a importância das críticas e decidiu manter a publicação nas redes.

Surfando 

Pimenta deu entrevistas e usou as redes sociais para justificar a postagem. O ministro alegou que as publicações, para terem engajamento, precisam se valer de “janelas de oportunidades e fluxos que a comunicação digital precisa considerar”, disse.

Auxiliares do presidente admitem que a postagem foi inadequada e fez galhofa com um tema sério, que é o combate à dengue. Também avaliam que ofereceu margem para acusação de que a operação da PF que tinha Carlos Bolsonaro como alvo era uma ação política. A Secom não vai, no entanto, abandonar a estratégia de “marketing de oportunidade”, com o uso de assuntos que estão em alta nas redes sociais para obter mais audiência.

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