Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2024
Representantes das secretarias estaduais da Saúde (SES) e da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) se reuniram nessa terça-feira (9) para articular estratégias de enfrentamento ao chamado “mosquito-pólvora”. Também conhecido como “maruim”, o inseto cuja explosão populacional tem infernizado moradores do Litoral Norte.
O inseto – escuro e pequeno – se desenvolve em materiais orgânicos em decomposição, como caules de bananeira, esterco animal e produção de hortaliças, dentre outros ambientes. Conforme especialistas, o fato de a região ser produtora de banana tem favorecido uma infestação significativa e fora do padrão de normalidade.
A picada da espécie deixa o indivíduo com manchas vermelhas e “bolinhas” na pele, semelhantes a catapora. Há risco de alergia e transmissão de viroses como a febre oropouche, doença que ainda não tem casos conhecidos no Rio Grande do Sul e cujos sintomas se assemelham aos da dengue e febre chikungunya (dores de cabeça, muscular e nas nas articulações, além de náuseas e diarreia). Ainda não existe tratamento.
A Seapi mantém cinco fiscais estaduais agropecuários na região, encarregados de acompanhar e investigar as notificações de ocorrência, bem como as ações de combate a esses insetos em áreas de cultivo da fruta.
“Elaboramos uma série de orientações a serem ministradas às prefeituras sobre o manejo correto da planta, com medidas que evitem a criação de ambiente propício à proliferação dos maruins”, relata o diretor do Departamento de Defesa Vegetal (DDV) da pasta da Agricultura, Ricardo Felicetti.
Após as notificações, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) acompanha a situação nas regiões infestadas e realiza coleta de insetos. O objetivo é identificar e fazer a testagem para doenças que possam ter o mosquito-pólvora como vetor, a exemplo da febre oropouche.
“Vamos encaminhar as amostras a um centro de referência, ao mesmo tempo em que tentaremos a identificação genética dos insetos e procurar eventual presença de doenças associadas”, informa a chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde (DVAS) do Cevs, Aline Campos. “Podemos estabelecer um protocolo de coleta pelas duas Secretarias, para que se possa fazer o teste de doenças nas amostras de insetos recolhidos pela pasta da Agricultura.”
Para debelar a infestação nas residências, a SES planeja testar a borrifação residual intradomiciliar (BRI), empregada no combate ao mosquito Aedes aegypti, cuja fêmea transmite a dengue e outras doenças. “Trata-se de um ‘piloto’, para ver se dá certo também com os maruins. A Agricultura pode participar, auxiliando em dúvidas sobre possíveis impactos à produção de banana orgânica”, complementa Aline.
A Secretaria da Agricultura propôs a montagem de um cronograma para visitas aos municípios atingidos, levando aos órgãos municipais de Agricultura e Saúde palestras e treinamento sobre o manejo dos bananais e aspectos causadores da proliferação dos maruins. Em breve, as pastas estaduais devem elaborar uma nota técnica conjunta sobre o mosquito-pólvora, indicando as causas da explosão populacional, dentre outras informações.
Explicação
As causas para o desequilíbrio populacional dos mosquitos-pólvora no litoral gaúcho ainda estão sendo investigadas pela Seapi. O diretor do Departamento de Defesa Vegetal, Ricardo Felicetti, resume a situação:
“Tivemos uma primavera e verão com El Niño, de temperaturas mais altas e muita umidade, o que propicia a proliferação dos insetos. Os bananais são áreas com muito material orgânico, terreno irregular e bastante sulcado, que retém muita água. Ainda há questões que precisam ser verificadas, como uso incorreto de inseticidas e desmatamento. Mas podemos dizer que é uma situação multifatorial”.
(Marcello Campos)
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