Apontado como um dos principais defensores da vacina da Pfizer dentro do governo federal, o secretário de comunicação de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, procurou, nas últimas semanas, alguns empresários da iniciativa privada para estimulá-los a trazer a vacina do laboratório para o Brasil.
Em dezembro, Wajngarten participou de conversas com a Pfizer, na tentativa de destravar a compra da vacina desenvolvida pelo laboratório. O secretário culpa o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello pelas dificuldades na negociação.
Mesmo assim, o laboratório tem esperança de fechar negócio com o governo federal. Esse foi um dos motivos de a empresa não ter respondido a nota emitida no último sábado (23) pelo Ministério da Saúde. O documento critica cláusulas apontadas como “abusivas”, diz que o acordo com a Pfizer “causaria frustração em todos os brasileiros” e que o número de 2 milhões de doses previstas para o primeiro trimestre é “considerado insuficiente pelo Brasil.”
Defesa
Após passar meses colocando em dúvida a eficácia de vacinas contra a covid-19, o presidente Jair Bolsonaro mudou seu discurso e afirmou, nesta terça-feira (26), que os imunizantes são importantes para que a “economia não deixe de funcionar”. Bolsonaro também se disse favorável à compra de 33 milhões de doses de vacinas por empresas.
“Brevemente estaremos nos primeiros lugares (de vacinação no mundo). Para dar mais conforto à população, segurança a todos e de modo que a nossa economia não deixe de funcionar”, disse Bolsonaro durante um evento promovido por um banco.
O presidente citou um dado incorreto em seu discurso, dizendo que o Brasil é o sexto país no mundo que mais vacinou. De acordo com o site Our World In Data, ao menos 13 países aplicaram mais doses que o Brasil. Em número de pessoas que receberam ao menos uma dose, ao menos oito países estão na frente.
No mesmo discurso, Bolsonaro confirmou ter dado aval à uma compra, por um grupo de empresas, de 33 milhões de doses da vacina produzida pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca. A ideia é doar metade das doses para o governo federal.
“Semana passada, fomos procurados por um representante de empresários e assinamos uma carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da (vacina de) Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil, a custo zero para o governo. E metade dessas doses, 16,5 milhões, entraria para o SUS e estaria no Programa Nacional de Imunizações, segundo aqueles critérios. E outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários, para que fossem vacinados os seus empregados, para que a economia não parasse.
O presidente disse que estimula a ideia porque “ajudaria em muito a economia”. A negociação, entretanto, dividiu executivos.
“Quero deixar bem claro que o governo federal é favorável a esse grupo de empresários para levar adiante a sua proposta, trazer vacina para cá, a custo zero para o governo federal, para imunizar então 33 milhões de pessoas. O que puder essa proposta ir à frente, nós estaremos estimulando. Pois, com 33 milhões de doses de graça, ajudaria em muito a economia e aqueles também que por ventura queiram se vacinar”, afirmou.