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Segundo paciente a receber transplante com coração de porco morre nos EUA

Lawrence Faucette (esq.) tinha uma doença cardíaca terminal. (Foto: University of Maryland School of Medicine/Reprodução)

Lawrence Faucette, segunda pessoa viva a receber um coração de porco geneticamente modificado num transplante, morreu seis semanas após a realização do procedimento experimental. O Centro Médico da Universidade de Maryland, responsável pela cirurgia, informou que o órgão começou a mostrar sinais de rejeição nos últimos dias.

Faucette tinha uma doença cardíaca terminal e nenhuma outra esperança de tratamento. O anúncio do procedimento foi feito pelo Centro Médico da Universidade de Maryland em setembro.

“O último desejo de Faucette era que aproveitássemos ao máximo o que aprendemos com a nossa experiência, para que outros possam ter garantida a oportunidade de um novo coração quando um órgão humano não estiver disponível. Ele então disse à equipe de médicos e enfermeiros reunidos ao seu redor que nos amava. Sentiremos muita falta dele”, disse Bartley Griffith, diretor clínico do Programa de Xenotransplante Cardíaco da instituição, em declarações reproduzidas pela CNN.

Lawrence Faucette, de 58 anos, era um veterano da Marinha e morador de Maryland, nos Estados Unidos. O americano era casado e tinha dois filhos. A viúva Ann Faucette agradeceu, em comunicado, os cuidados recebidos pelo marido na instituição.

“Larry começou esta jornada com a mente aberta e total confiança no Dr. Griffith e sua equipe. Ele sabia que seu tempo conosco era curto e esta era sua última chance de ajudar os outros”, afirmou.

Faucette estava tão doente que havia sido rejeitado em todos os programas de transplante que usam doadores humanos. Antes da cirurgia, ele havia dito que “pelo menos agora tem esperança e uma chance”. O americano afirmou que iria “lutar com unhas e dentes por cada respiração que puder dar”.

Um mês após a cirurgia, a equipe médica afirmou que a condição cardíaca de Faucette era “excelente” e chegou a retirar medicamentos que apoiavam o funcionamento do órgão. Naquele momento, de acordo com os profissionais, não havia evidência de quaisquer infecções ou rejeição. O transplante foi realizado pelo médico Bartley Griffith, que também operou o primeiro paciente.

Os funcionários do hospital disseram ter testado o porco “repetidas vezes”. Antes de passar pelo transplante, porém, Faucette reconheceu que seria um milagre se conseguisse sair do hospital e ir para casa, e outro maior ainda se conseguisse viver por meses ou anos. Sobre o assunto, ele disse que “realisticamente, [o procedimento] ainda está em fase inicial de aprendizado”.

Nos últimos anos, a ciência deu grandes passos com as tecnologias de edição genética e clonagem projetadas para tornar os órgãos animais menos propensos a serem rejeitados pelo sistema imunológico humano. O coração transplantado para Faucette veio de um porco que recebeu dez modificações genéticas. O animal foi fornecido por uma empresa de medicina regenerativa. Antes do transplante, o porco foi testado para vírus, bactérias e parasitas.

Este foi o segundo procedimento do tipo já realizado por cirurgiões. O primeiro paciente, David Bennett, de 57 anos, morreu dois meses após a operação. Mas, no caso dele, o coração de porco transplantado funcionou bem e não houve sinais de rejeição aguda de órgãos, um grande risco em procedimentos desse tipo. Bennett morreu após sofrer “múltiplas complicações”, e vestígios de um vírus que infecta porcos foram encontrados. A descoberta levantou preocupações de que os xenotransplantes pudessem introduzir novos patógenos em humanos.

 

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