Terça-feira, 22 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 2 de junho de 2023
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) identificou que o segurança apontado como suposto agressor da jornalista Delis Ortiz é de uma organização militar do Exército brasileiro. Segundo apurado, ele estava trabalhando em serviço coordenado pelo próprio GSI.
Há um decreto que estabelece as normas para tal atuação conjunta na segurança do presidente da República em eventos em Brasília.
O GSI abriu uma sindicância para averiguar o episódio e vai colher depoimentos dos envolvidos. Pretende inclusive convidar a jornalista a expor sua versão. E também analisará as imagens disponíveis para averiguar se há indícios de transgressão disciplinar ou eventual crime na agressão à jornalista durante entrevista a Nicolás Maduro.
O Exército afirmou que afastou os militares cedidos à segurança presidencial e presentes no episódio até o término do processo investigativo. O efetivo do evento foi de 193 militares, incluindo a área externa.
A instituição disse ainda que permanecerá à disposição para contribuir com a investigação em curso.
Caso
A jornalista Delis Ortiz foi vítima de agressão durante a visita do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ao Brasil na terça-feira (30). Um dos seguranças teria dado um soco no peito de Delis durante um tumulto envolvendo outros jornalistas. Em entrevista, ela falou que houve falta de preparo.
Em entrevista ao Estúdio i, da GloboNews, Delis contou que houve falta de organização para a cobertura jornalística do evento, o que acabou gerando a confusão, envolvendo jornalistas, guarda-costas de Maduro e seguranças do governo brasileiro.
“Foi uma pancadaria só. Teve um colega que teve o terno rasgado. Puxaram pela gola do terno assim e levaram até lá fora. Queriam era botar no chão. Se não fosse um monte de fotógrafo em cima registrando e todo mundo gritando ‘para com isso!’, não sei o que mais poderia ter acontecido. Foi constrangedor”, lembrou.
Delis ainda disse que a agressão foi precedida por uma sucessão de equívocos, já que não havia um espaço próprio para uma entrevista coletiva desse porte, com imprensa de toda a América do Sul. “Imagina, quantos repórteres, quantas equipes precisam de espaço, precisam de distância do entrevistado, não tinha isso. É um empurra-empurra na hora de uma entrevista importante”.
“O erro número dois foi cuidar da segurança de um evento desse porte sem preparo, não havia preparado desses meninos, são meninos, não tinha maturidade pra isso”, completou.
Delis Ortiz ainda disse que foi dado espaço para todas as determinações de Maduro, o que também foi um erro, já que a imprensa brasileira foi retirada do comitê por uma exigência da equipe do venezuelano. “O pivô disso tudo, com certeza, é Maduro”.