Seis de cada dez ingressantes do ensino superior em 2021 entraram em curso a distância (EAD). Já o número de calouros em graduações presenciais caiu 28%, em comparação a 2019, último ano antes da pandemia. A mudança evidencia um novo perfil da formação em ensino superior no Brasil.
De um lado, o EAD permite expansão mais rápida e barata, além de ser mais viável para alunos que trabalho. Por outro, especialistas apontam riscos de perda de qualidade na formação inicial dos profissionais, sobretudo em áreas estratégicas, como a preparação de professores.
Os dados são do Censo da Educação Superior, divulgado nesta sexta-feira (4), pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação. A redução de ingresso em cursos presenciais e o crescimento do EAD é tendência que ocorre desde 2014 e foi acentuada com a crise da covid. Na pandemia, o ingresso na modalidade a distância cresceu 55,6%. Em uma década, a alta é de 474%.
Para se ter uma ideia, o cenário de 2011 era bastante diferente. Naquele ano, oito de cada dez estudantes que ingressavam no ensino superior eram da modalidade presencial. Apenas 431,6 mil calouros se matriculavam em uma graduação à distância há dez anos. Em 2021, esse mesmo número saltou para 2,48 milhões.
Análise de cursos
Em setembro, o MEC decidiu suspender os processos de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de graduações 100% a distância em Direito, Odontologia, Psicologia e Enfermagem. A medida após reação contrária desses setores, que viam risco de perda de qualidade na oferta de cursos totalmente remotos.
Foi criado um grupo de trabalho, que terá um prazo de 180 dias para apresentar propostas e sugestões para a regulamentação dos cursos. Depois de anos parados, os processos de avaliação das propostas de faculdades para os cursos EAD em campos como o Direito, por exemplo, avançaram.