Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 27 de abril de 2022
No mesmo dia em que uma pesquisa mostrou que seis a cada dez franceses querem que o partido do presidente, Emmanuel Macron, reeleito no último domingo, não obtenha a maioria do Parlamento nas eleições em junho, o incumbente foi alvo de tomates durante uma visita a um mercado nas proximidades de Paris – justamente em um esforço para atrair eleitores de esquerda antes da votação parlamentar.
Macron, um centrista, há muito tempo enfrenta acusações de ser muito distante e elitista, o que desencorajou alguns eleitores de esquerda a apoiá-lo no segundo turno contra a candidata de extrema direita Marine Le Pen.
Uma pesquisa de opinião da Elabe mostrou que 61% dos eleitores franceses preferem que as eleições parlamentares, entre 12 e 19 de junho, resultem em uma maioria opositora a Macron. Essa porcentagem sobe para 69% entre os eleitores da classe trabalhadora e perto de 90% entre os de extrema direita e extrema esquerda. No entanto, uma outra pesquisa no início desta semana mostrou que o presidente estava a caminho de conquistar a maioria absoluta.
Após a vitória de Macron nas eleições presidenciais deste mês, seu partido no poder, o República em Marcha, espera conquistar a maioria absoluta novamente, como aconteceu durante seu primeiro mandato. Se a legenda e seu partido aliado Modem não conseguirem, Macron será forçado a fazer um acordo de coalizão com outras siglas.
O líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon disse que quer ser o primeiro-ministro de Macron em um governo de coalizão que pode bloquear ou enfraquecer muitas das reformas que o presidente quer promover, principalmente o aumento da idade da aposentadoria. Mélenchon ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com uma diferença de pouco mais de 1% para Le Pen.
Alvo de tomates
Nesta quarta-feira (27), em seu primeiro evento público desde a reeleição, Macron foi alvo de várias sacolas com tomates enquanto conversava com algumas pessoas no mercado de Cergy-Pontoise. Ele não foi atingido, segundo testemunharam jornalistas da AFP.
O serviço de segurança do chefe de Estado abriu rapidamente um guarda-chuvas para protegê-lo, explicando que a medida foi tomada por uma certa agitação da multidão. A despeito do incidente, o restante do deslocamento de Macron foi realizado em um ambiente descontraído, com muitas pessoas tentando se aproximar do presidente.
Macron passeou apertando mãos, conversando com jovens e posando para fotos, no que o Palácio do Eliseu disse ser uma maneira de mostrar que o presidente “ouvia as preocupações, expectativas e necessidades das pessoas”.
“Quero dar uma mensagem de respeito e consideração a essas áreas que estão entre as mais pobres do país desde o início de meu novo mandato”, disse Macron a repórteres em Cergy, onde Mélenchon conseguiu quase metade dos votos no primeiro turno do pleito.
Enquanto isso, as negociações para a coalizão de esquerda aparentemente progridem, com porta-vozes do partido França Insubmissa, de Mélenchon, e do Partido Socialista, a antiga força dominante na esquerda cujo candidato presidencial foi derrotado, dizendo que parecia não haver diferenças “intransponíveis” no caminho de uma aliança.
Isso contrasta fortemente com as discussões do outro lado do espectro político, com alguns membros do conservador Republicanos (LR) sendo tentados a desertar ao partido de Macron, enquanto outros pareciam estar de olho na extrema direita.
“Eles estão completamente perdidos no LR”, disse um parlamentar conservador à Reuters após uma reunião a portas fechadas na terça-feira.
As eleições parlamentares serão disputadas em torno de questões que historicamente favoreceram a esquerda. O custo de vida emergiu como a prioridade número um dos eleitores neste ano de eleições, que coincidem com aumentos acentuados nos preços de alimentos, energia e gasolina causados em parte por interrupções pós-pandemia e pela guerra na Ucrânia.
Autoridades de áreas da classe trabalhadora dizem que os eleitores estão particularmente irritados com o aumento dos preços de alimentos básicos, incluindo pão, arroz e óleo de girassol produzido na Ucrânia.
“As coisas mais básicas agora são muito, muito caras”, disse Mohammed Djae-Rachid, chefe da comunidade local dos comorianos, à TV Reuters. “Imagine isso, uma garrafa de óleo de cozinha custava um euro, agora custa três euros. Todas as lojas estão vazias, está ficando muito difícil para todo mundo.”
Questionado sobre quem ele nomearia como seu primeiro-ministro, Macron respondeu que nomeará “alguém que esteja interessado em trabalhar em questões sociais, ambientais e produtivas”. As informações são do jornal O Globo e das agências de notícias Reuters e AFP.