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Seis horas de espera, 1.000 agentes, barricadas de apoiadores: como foi a operação para prender o presidente destituído da Coreia do Sul

Multidão se aglomerou nas imediações da residência oficial de Yoon Suk Yeol, que foi preso nessa quarta. (Foto: Reprodução/CNN)

A prisão do presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, ocorreu após cerca de seis horas de negociações entre os investigadores e advogados do ex-mandatário. A polícia cumpria mandado de prisão expedido pela Justiça no fim de dezembro e renovado em janeiro, depois que Yoon se negou a depor por diversas vezes, aquartelando-se na residência oficial.

Segundo a agência de notícias coreana Yonhap, os investigadores usaram escadas para cortar arame farpado e entrar no complexo residencial, localizado no centro de Seul, depois de serem bloqueados pelo Serviço de Segurança Presidencial (PSS), que montou várias barricadas usando veículos perto das entradas. Eles também chegaram a ser barrados por um grupo de legisladores do Partido do Poder Popular e pelos advogados de Yoon.

O mandado de detenção de Yoon acabou sendo executado às 10h33min (hora local), de acordo com o Escritório de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Escalão (CIO), marcando a primeira vez que um presidente em exercício foi preso. Um comboio de veículos transportando Yoon deixou o complexo residencial e seguiu para o escritório do CIO em Gwacheon, zona sul de Seul.

Yoon foi visto saindo de um carro e entrando no escritório para se submeter a um interrogatório antes da emissão de outro mandado para prendê-lo formalmente em 48 horas. Segundo um funcionário da agência anticorrupção, Yoon se negou a responder as questões feitas durante o interrogatório, “exercendo seu direito de ficar em silêncio”.

Mobilização

Nessa quarta-feira (15), os investigadores mobilizaram 1.000 agentes, incluindo unidades especializadas em atacar gangues de drogas e do crime organizado. Houve confrontos entre investigadores e apoiadores de Yoon, que se aglomeravam no entorno da residência. Bombeiros chegaram a ser acionados para socorrer manifestantes feridos.

Segundo a agência de notícias coreana Yonhap, manifestantes contra e a favor da detenção do ex-mandatário se aglomeraram na rua e, entre aplausos e protestos, assistiram aos investigadores efetuarem o mandado de prisão.

Dezenas de apoiadores de Yoon se deitaram em uma avenida perto da residência, no centro de Seul, no início do dia, em protesto contra os investigadores, quando eles entraram no complexo oficial, no que se convertia na segunda tentativa de cumprir o mandado.

Outros apoiadores entoavam o nome de Yoon, enquanto outros oravam do lado de fora de uma igreja, pedindo à polícia para impedir o que chamaram de tentativa ilegal de deter o ex-presidente.

Segunda tentativa

Os investigadores não conseguiram deter Yoon em uma primeira tentativa em 3 de janeiro, quando o presidente recusou-se a render-se, e os seus 200 funcionários de segurança presidencial formaram barricadas humanas para repelir 100 investigadores e agentes da polícia. Nessa quarta, porém, a iniciativa dos investigadores teve sucesso e conseguiram sair do complexo residencial, em comboio, levando preso o ex-presidente.

O Tribunal Distrital Oeste de Seul emitiu mandados de busca na residência presidencial e detenção de Yoon depois que ele esnobou três intimações dos investigadores para comparecer a interrogatório. Os mandados, que receberam prorrogações na semana passada depois de expirarem, eram válidos até 21 de janeiro.

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