Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 4 de fevereiro de 2023
A covid continua a ser classificada como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (Pheic) e o mundo ainda enfrenta uma pandemia, segundo definições da Organização Mundial da Saúde (OMS). Basicamente, a situação em relação ao coronavírus SARS-CoV-2 continua a mesma, com sinais evidentes de melhora. Hoje, o globo vive um momento de “transição”, mas existem pelo menos seis motivos de preocupação.
Após a reunião do comitê de especialistas no final de janeiro, existia a possibilidade da pandemia da covid ser, finalmente, encerrada, após quase três anos do seu anúncio. No entanto, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyeus, confirmou posteriormente que o vírus segue sendo uma ameaça global.
Para justificar a manutenção do status de pandemia e o risco à saúde global que o vírus representa, a OMS destaca seis principais pontos que devem ser trabalhados pelos governos de todo o mundo:
Mortalidade
A mortalidade ainda está elevada, quando comparada com a de outras doenças respiratórias. Nas últimas oito semanas, mais de 170 mil mortes foram registradas. Por outro lado, “o mundo está em uma melhor posição do que estava durante o pico da transmissão da Ômicron no ano passado”, confirma a OMS, em comunicado.
Vigilância
A vigilância e o sequenciamento genético diminuíram globalmente, dificultando o rastreamento de variantes conhecidas e da detecção de novas, especialmente das descendentes da Ômicron. Neste ponto, o comitê reconhece existir “uma dissociação entre infecção e doença grave em comparação com variantes anteriores”, só que “o vírus mantém a capacidade de evoluir para novas variantes com características imprevisíveis” e, por isso, precisa ser acompanhado.
Variantes
A covid não é mais a única ameça, e disputa espaço no atendimento já ocorre com pacientes que apresentam influenza (gripe) e vírus sincicial respiratório (VSR). Além disso, os sistemas estão no limite, com escassez de profissionais e muitos médicos e enfermeiros vivem situação de exaustão.
Desinformação
“A hesitação em vacinar e a disseminação contínua de desinformação continuam a ser obstáculos extras para a implementação de intervenções cruciais de saúde pública”, afirma a OMS. Apesar disso, o grupo destaca que os imunizantes disponíveis continuam a proteger contra formas graves da doença.
Antivirais
Embora a ciência tenha avançado bastante no combate à covid nos últimos anos, os antivirais da covid-19 e as terapias mais modernas estão restritos a poucos grupos privilegiados no globo — por exemplo, no Brasil, remédios específicos contra a doença custam mais de quatro mil reais. Esta situação deve ser contornada para que a mortalidade comece a cair.
Covid longa
Por fim, a OMS destaca o risco da covid longa e ameça constante e duradoura aos sistemas de saúde de todo o mundo. “As sequelas sistêmicas de longo prazo da covid longa e o risco elevado de doença cardiovascular e metabólica pós-infecção, provavelmente, terão um sério impacto negativo e contínuo na população, e o atendimento para esses pacientes são limitados ou não estão disponíveis em muitos países”, completa.
Perspectivas
Controlar estes seis alvos de preocupação da OMS parece ser um desafio inalcançável, mas os especialistas acreditam que isso não é verdade. Afinal, o objetivo não é extinguir o vírus da covid, mas, sim, controlar o agente infeccioso a tal ponto que não cause mais danos severos.
“Embora a eliminação desse vírus de reservatórios humanos e animais seja altamente improvável, a mitigação de seu impacto devastador na morbidade e mortalidade é alcançável e deve continuar a ser uma meta prioritária”, ressalta a OMS.
Agora, a próxima reunião do grupo de especialistas — quando o tão esperado fim da pandemia pode ser oficializado — deve ocorrer entre o final de março e abril deste ano, mas ainda não tem uma data oficial. Antes de qualquer previsão, no entanto, será necessário aguardar os rumos do vírus e de suas mutações.