Um evento organizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em Brasília contou com a participação de seis pré-candidatos à Presidência da República, que apresentaram as suas propostas de governo nesta quarta-feira (4). Não houve debate entre eles. Durante uma hora, cada um fez uma exposição e em seguida respondeu a perguntas.
Três falaram pela manhã – Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) – e três à tarde – Henrique Meirelles (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Alvaro Dias (Podemos) .
O tema proposto pela CNI para o encontro foram ideias para aumentar a produtividade das empresas e estimular o crescimento sustentável da economia.
Geraldo Alckmin (PSDB)
O pré-candidato do PSDB, ex-governador de São Paulo, foi o primeiro a falar. Ele abordou a necessidade de fazer reformas nos primeiros meses do mandato para enfrentar as dificuldades econômicas do País.
O pré-candidato disse que é preciso superar um quadro de “déficit primário, baixíssimos investimentos, obras paralisadas ou andando a passos muitos pequenos, gastos correntes crescentes”.
Uma das reformas defendidas por Alckmin foi a da Previdência. “Tem que ser feita de cara”, afirmou. Ele também disse que, se eleito, vai promover uma reforma tributária, e que a União precisa zerar o déficit fiscal para voltar a ter poder de investimento.
Marina Silva (Rede)
Candidata da Rede, a ex-ministra do Meio Ambiente também defendeu reformas. No entanto, segundo Marina Silva, antes de levá-las adiante, é necessário superar a “grave crise política”.
“É grave a crise política que estamos atravessando. Sem a solução dela, não há como dar conta desses imensos desafios, de fazer uma reforma política, de fazer uma reforma tributária, de fazer uma reforma da Previdência que melhore a Previdência brasileira”, disse a pré-candidata.
Marina afirmou que o atual formato de governo de coalisão se degradou e se desmoralizou. Propõe, no lugar, um “presidencialismo de proposição”.
Jair Bolsonaro (PSL)
O pré-candidato Jair Bolsonaro afirmou que que o principal desafio será obter apoio do Congresso.
“Se eu conseguir vencer os problemas ambientais, indigenistas, seis ou sete deputados não vão nos apoiar? Se eu tipificar ações do MST como terroristas, será que a bancada ruralista não estará conosco? Se a gente conseguir desburocratizar muita coisa, os senhores não estarão com a gente? Se resgatarmos os valores de família não teremos simpatia dos evangélicos? Será que agindo dessa maneira não vamos ter apoio do parlamento?”, indagou.
Sobre a reforma da Previdência, afirmou que é necessária, mas que a proposta de Temer é “remendo novo em calça velha”.
Quanto a como pretende melhorar a educação, respondeu aceitar sugestões.
Henrique Meirelles (MDB)
Em sua exposição, Henrique Meirelles destacou a participação nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como presidente do Banco Central, e do presidente Michel Temer, como ministro da Fazenda.
“Eu vou demonstrar quem era o responsável pela política econômica”, disse.
O pré-candidato disse que, no governo Temer, o País voltou a crescer. E destacou propostas que conseguiu aprovar no Congresso, especificamente, a PEC do Teto de Gastos, a Reforma Trabalhista, e a terceirização.
Quanto à reforma previdenciária, afirmou que é “fundamental para criarmos igualdade na Previdência”. Apontou melhorias com a reforma trabalhista e citou, como fator positivo, a diminuição dos processos trabalhistas.
Ciro Gomes (PDT)
Ciro Gomes recebeu vaias de parte da plateia e aplausos de outra parte quando fez críticas à reforma trabalhista aprovada pelo governo Michel Temer. A vaia se deu quando ele disse que chamaria vários setores da sociedade, entre os quais, as centrais sindicais, para rediscutir a legislação.
Diante das vaias, elevou o tom: “Se quiserem presidente fraco, escolham um desses que conversam fiado com vocês”, disparou. Houve vaias e aplausos.
Sobre a reforma da Previdência, o pedetista disse que o tema deve ser enfrentado, mas que a população tem de participar da discussão. Citou referendos e plebiscitos como formas de incluir a sociedade nesse debate.
Alvaro Dias (Podemos)
Alvaro Dias criticou o aparelhamento de estatais e defendeu um “grande programa de privatizações”. Ele também falou em diminuição do número de senadores e deputados. “Buscando um Legislativo mais enxuto”. “O primeiro e maior desafio é o ajuste fiscal, o controle dos gastos públicos”, afirmou.
Alvaro Dias disse que o Brasil só voltará a ser considerado um País sério se tiver um presidente que combata a corrupção e lembrou que investidores buscam países com baixos índices de corrupção, o que, declarou, não é o caso do Brasil.
“Alguns barões da corrupção estão sendo presos, outros serão, mas esse sistema continuará a produzir barões da corrupção se não for modificado”, disse.