Sede da Copa América feminina de basquete, Porto Rico trazia uma lembrança amarga para as brasileiras: na última edição do torneio, há dois anos, as porto-riquenhas derrotaram o Brasil no jogo pelo terceiro lugar, faturaram o bronze e, pela primeira vez, se classificaram para o Mundial, disputado ano passado. Mundial que não teve a seleção verde-amarela, algo que não acontecia desde 1959. Pois o trauma ficou num passado não tão distante. Neste domingo (29), em San Juan, com apenas Tati e Rapha Monteiro, no time atual, das jogadoras que estavam na derrota de 2017, o Brasil bateu Porto Rico por 95 a 66 para garantir a medalha de bronze na Copa América. Damiris foi a cestinha, com 28 pontos, além de nove rebotes e oito assistências. Erika saiu de quadra com 16 pontos e 10 rebotes.
Se, em 2017, a Copa América foi classificatória para o Mundial de 2018, desta vez a competição continental abriu o caminho das equipes das Américas por uma vaga na Olimpíada de Tóquio, no próximo ano – apenas Estados Unidos, campeões mundiais, e Japão, país-sede, estão garantidos nos Jogos Olímpicos. Oito times desta Copa se classificaram para uma seletiva das Américas que vai levar quatro seleções para o pré-olímpico mundial. Essa seletiva será em novembro, em duas sedes (Canadá e Argentina). Nesta repescagem, só no ano que vem, estarão 16 seleções de todos os continentes – sendo quatro americanas – disputando 10 vagas olímpicas.
O jogo
O Brasil começou o jogo desperdiçando quatro ataques, sendo um deles uma bandeja perdida por Débora, mas o três primeiros pontos vieram com Patty. Se a bola de três não caiu na semifinal contra o Canadá (foram cinco acertos em 21 tentativas), neste domingo, a seleção abriu 8 a 3 com duas bolas de longa distância. Mas as porto-riquenhas viraram para a 10 a 8 depois de dois lances livres de Rosado. Mais consistente no ataque, e a na distribuição de jogo de Débora, o Brasil conseguiu assumir o comando do placar A três minutos do fim do primeiro quarto, Clarissa fez 17 a 12 para as brasileiras. Erika anotou mais quatro para deixar a maior vantagem no jogo: 21 a 12. Pouco depois, a liderança ampliou a 10 pontos (24 a 14) mas, no fim, 24 a 17.
No segundo período, Salaman marcou duas cestas seguidas, em contra-ataques, para Porto Rico reduzir para três pontos (26 a 23). Alana respondeu com uma bola de três, abrindo novamente seis pontos (29 a 23). Solta em quadra, aos 37 anos, Erika chegou ao oitavo ponto na partida para deixar o Brasil novamente com 10 de frente: 36 a 26. E foi a pivô o grande nome da equipe do técnico José Neto no primeiro tempo do jogo. Erika marcou 12 pontos, seis rebotes e três assistências, e o Brasil foi para o intervalo com 44 a 33.
Tainá – o destaque do Brasil na conquista do ouro nos Jogos Pan-Americanos – aumentou a vantagem para a seleção no início do terceiro período: 48 a 35. Na véspera, na semifinal, contra as canadenses, Tainá tinha ido mal, acertando apenas um dos 12 arremessos de quadra. Damiris fez 51 a 35, com 16 pontos de ponta, na maior liderança do jogo. Dominantes nos rebotes, a equipe nacional conseguia, muitas vezes, ter muita chance de atacar novamente – e arriscar nas bolas de três. Assim, Tati deixou o placar em 63 a 44. Alana, na sequência, novamente: 66 a 44. Era o marcador dilatando para o Brasil, que, com Damiris, poucos depois, fez 68 a 45 (23 pontos de frente). Damiris, de três, com o cronômetro perto de zerar, marcou 76 a 49.
Três pontos, de novo, de Damiris puseram o Brasil com 81 a 51 no primeiro minuto do último quarto. E o que foi a falha contra as canadenses virou o ponto alto neste domingo. Isabela Ramona acertou de três (11 em 20 tentativas da seleção) para impor 84 a 53. Dominante, a equipe verde-amarela manteve o ritmo forte, deixando sempre a diferença na casa dos 30, 32 pontos. Final de partida: vitória brasileira por 95 a 66.
Foi o segundo pódio do técnico José Neto em duas competições comandando a seleção feminina: o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em agosto, e, agora, o bronze na Copa América. O Brasil não ficava entre os três primeiros da Copa América desde o bronze em 2013. A esperança por Tóquio está viva.