Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2023
Impossibilitados de disputarem a reeleição em seus postos de comando no Congresso, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), têm feito movimentos que indicam caminhos distintos a partir de fevereiro de 2025, quando deixarão os atuais cargos e voltarão à “planície” do Parlamento. De um lado, aliados apontam a intenção de Lira de continuar influente no Legislativo, assumindo posições de destaque na Casa que ele chefia, no primeiro momento, para tentar se eleger senador nas próximas eleições. Do outro, pessoas próximas a Pacheco afirmam que o futuro mais provável para ele é fora do Congresso.
Em comum, a tentativa de manter influência na cúpula do Congresso: Pacheco tem em Davi Alcolumbre (União-AP) seu candidato preferido à sucessão, enquanto Lira busca manter a coesão de um grupo que por ora acena com as candidaturas de Elmar Nascimento (União-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).
No caso do senador, no cenário atual, o mais provável é que ele concorra ao governo de Minas Gerais em 2026. Um sinal da intenção eleitoral de Pacheco foi a recente guinada em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Após passar o governo Jair Bolsonaro servindo de anteparo para ofensivas de bolsonaristas contra ministros da Corte — o que incluiu engavetar pedidos de impeachment de magistrados —, agora foi o próprio parlamentar quem patrocinou propostas que miram no Judiciário. Entre elas, a que limita as decisões monocráticas dos magistrados. Com isso, tende a atrair o votos da extrema-direita.
Nos bastidores, políticos experientes atribuem a iniciativa a uma tentativa de Pacheco de neutralizar o desgaste em seu eleitorado pela aproximação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com perfil de centro-direita, ele foi eleito em 2018 em uma chapa adversária à da ex-presidente Dilma Rousseff.
Junto à ofensiva contra o STF, Pacheco tem defendido a tramitação de medidas que se opõem a bandeiras de esquerda, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criminaliza o porte de qualquer droga no país, tema que está sendo julgado pelo Supremo, e o projeto que estabelece o marco temporal das terras indígenas, considerado inconstitucional pela Corte.
Governo de Minas
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, que em 2022 ensaiou lançar Pacheco à Presidência, já disse a interlocutores ver o cargo de governador como um caminho natural para o presidente do Senado. Na avaliação do cacique partidário, a sucessão do atual chefe do Executivo mineiro, Romeu Zema (Novo), ainda está aberta, sem um sucessor natural.
A alguns interlocutores, porém, o senador tratou sobre a possibilidade de deixar a política em 2026. Ele cogita voltar à advocacia e fazer um mestrado. A dificuldade em um estado que no ano passado deu votação expressiva a bolsonaristas como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) estaria desanimando o presidente do Senado.
Em outro movimento, senadores aliados tentam convencer Lula a indicar o atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, à vaga aberta no Supremo, abrindo caminho para Pacheco assumir seu lugar na corte de contas. A escolha do substituto caberia ao Senado.
Rumo ao Senado
Arthur Lira, por sua vez, já disse ter o sonho de trocar o Salão Verde, marca da Câmara, pelo Salão Azul, do Senado, em 2026, seguindo o caminho trilhado pelo pai, o ex-senador Benedito de Lira (PP).
Para isso, o deputado poderá construir uma “dobradinha” em Alagoas com o atual prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), que almeja o governo estadual. A empreitada tem potencial de reviver a disputa regional com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que deve tentar a reeleição no cargo.
Antes disso, porém, aliados dizem que o atual presidente da Câmara dos Deputados pretende construir um acordo para ocupar a presidência da Comissão Mista de Planos, Orçamentos e Fiscalização (CMO) do Congresso em 2025. A intenção é se manter influente na distribuição de recursos públicos via emendas parlamentares. A cadeira, embora não dê visibilidade junto ao eleitorado, lhe garante a possibilidade de capitalizar politicamente obras realizadas com a verba que ele ajudará a partilhar.