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Sem aplicar vacinas contra a covid, Coreia do Norte tem risco de se tornar epicentro de novas variantes

Em 18 Estados e no Distrito Federal menos de 40% das pessoas tomaram a dose de reforço. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

A Coreia do Norte corre o risco de se tornar o epicentro de novas variantes como resultado da baixa imunidade da população ao coronavírus, alertou o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington. O painel de especialistas convocado pelo centro chegou a essa conclusão pois o país não aplicou nenhuma vacina contra a covid em sua população, informou o “Washington Post” no último domingo (24).

Segundo o relatório desse centro, autoridades norte-coreanas indicaram que preferem vacinas com uso de tecnologia mRNA, como Pfizer ou Moderna. Em 2021, foram enviadas ao país 3 milhões de doses da Coronavac e 2 milhões da AstraZeneca, mas ambas foram recusadas pelo líder norte-coreano Kim Jung-un, citando preocupações com possíveis efeitos colaterais e dizendo que as remessas deveriam ir para outros países que precisam mais delas.

A Coreia do Norte e a Eritreia, localizada entre o Sudão e a Etiópia, na África, são os únicos países do mundo que não administraram vacinas contra a covid.

As doses enviadas para Pyongyang por meio de um esforço global de vacinação apoiado pelas Nações Unidas não estão mais utilizáveis, informaram as autoridades neste mês.

Sinais de reabertura

Autoridades da Missão da Coreia do Norte nas Nações Unidas não responderam a um pedido de comentário do jornal americano sobre se o país pretende aceitar vacinas ou o que espera antes de ingressar em um programa de imunização.

Segundo comunicado da Gavi Alliance, parte da iniciativa Covax, que visa entregar vacinas às pessoas mais vulneráveis do mundo, ainda que não haja mais doses de vacinas disponíveis para a Coreia do Norte, outras poderiam ser disponibilizadas se o país mudar de ideia e iniciar uma campanha de vacinação que atenda aos requisitos técnicos. O país já chegou a completar alguns dos requisitos para aceitar entregas de Covax.

Além disso, a Coreia do Norte permanece em um estrito bloqueio pandêmico e fechou suas fronteiras, exceto para um nível mínimo de comércio com a China.

“A Coreia do Norte mostrou sinais de reabertura no início deste ano em janeiro, quando os trens cruzaram brevemente a fronteira chinesa, mas o aumento do vírus na China continental levou a Coreia do Norte de volta a um isolamento estrito”, disse Ahn Kyung-su, do centro de pesquisa dprkhealth.org, com sede em Seul.

De acordo com um relatório de Tomás Ojea Quintana, relator especial das Nações Unidas sobre direitos humanos norte-coreanos, a crise alimentar foi impulsionada pelo bloqueio na pandemia. Quintana disse que as “restrições de covid do país, incluindo o fechamento de fronteiras, parecem ter evitado um surto dentro do país, embora provavelmente com um custo considerável para a situação de saúde mais ampla e exacerbando ainda mais a privação econômica”. Por isso, Quintana instou a comunidade internacional a encontrar uma maneira de levar as 60 milhões de doses necessárias ao país para imunizar sua população de 25 milhões.

“É inevitável que eles tenham que reabrir a fronteira e, quando o fizerem, a melhor maneira de proteger sua população, que é o que eles já estão interessados, é vacinar a população o máximo possível, o que eles são capazes de fazer”, disse Kee Park, especialista em saúde global da Harvard Medical School que trabalhou em projetos de saúde na Coreia do Norte.

“Eles precisam adotar uma estratégia diferente neste momento. A estratégia de covid zero está começando a desmoronar.”

Enquanto isso, medicamentos antivirais poderiam ser um caminho para a Coreia do Norte reabrir, sugeriu o painel do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

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