Domingo, 20 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 25 de dezembro de 2023
Há seis anos à frente do PT, Gleisi é a primeira mulher a presidir o partido.
Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos DeputadosSob a guarda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a deputada federal pelo Paraná Gleisi Hoffmann caminha para se tornar a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) com o mandato mais duradouro na história da legenda.
Há seis anos à frente do PT, Gleisi é a primeira mulher a presidir o partido. Com passagens pelo Senado e pela chefia da Casa Civil na gestão de Dilma Rousseff, ela foi alçada ao comando da legenda com o apoio de Lula, que desempenhou um papel essencial na articulação com as correntes do partido, garantindo a vitória dela nas eleições internas de 2017 e 2019.
Em fevereiro, a presidente do PT teve a sua gestão prorrogada por mais dois anos em razão do adiamento do processo de eleições diretas (PED) da sigla de 2023 para 2025. O mandato se encerraria em novembro. Com isso, ela vai liderar o partido por oito anos consecutivos, superando as marcas de Lula e José Dirceu, que presidiram a legenda por sete anos seguidos cada um.
Entretanto, a petista não escapa de críticas internas, sendo acusada de, junto à corrente majoritária, Construindo um Novo Brasil (CNB), dirigir o partido com “mão de ferro”, gerando um Diretório Nacional pouco democrático.
Gleisi tem preferido se manifestar nas redes sociais em vez de debater questões sensíveis na executiva nacional do partido. Isso ocorre porque ela teme que suas posições sejam “embarreiradas” por outros membros da CNB. É o que afirmou o dirigente nacional do PT Valter Pomar durante evento da tendência petista Avante.
A parlamentar elegeu o X (antigo Twitter) como o local virtual para seus embates. Na rede social do bilionário Elon Musk, ela já dirigiu críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Nas últimas semanas, a dirigente do PT criticou Pacheco duas vezes, sugerindo que o presidente do Senado fortalece a extrema direita ao abordar questões como mandato limitado para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o fim da reeleição presidencial. Antes disso, acusou Lira de desrespeitar as funções do Poder Executivo e de ressuscitar o orçamento secreto.
Na plataforma, ela também repreendeu o vice-presidente do PT e deputado Washington Quaquá (RJ), ao questionar a Justiça Eleitoral e incitar a militância contra jornalistas. Deputado federal pelo Rio de Janeiro, Quaquá é um dos três vice-presidentes do PT, juntamente com o ex-ministro Luiz Dulci (MG) e o senador Humberto Costa (PE).
Ele também compõe a CNB, grupo do qual Lula e Gleisi fazem parte. Ainda assim, não escapou de críticas após publicar uma foto com o ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) no início deste ano. “Na vida e na política, tudo tem limites”, escreveu Gleisi sobre o colega.
Em resposta às críticas, Quaquá publicou um vídeo no Instagram no qual, sem citar a presidente do PT, afirmou que ser de esquerda é dialogar e discutir com os contrários. Antes desse episódio, o vice-presidente do PT e ex-prefeito de Maricá (RJ) já havia sido criticado publicamente por Gleisi, em dezembro de 2021, por minimizar a relevância de Dilma Rousseff no cenário político atual.
Líder da corrente interna Articulação de Esquerda (AE), Valter Pomar foi derrotado por Gleisi na última disputa à presidência do PT em novembro de 2019. Segundo ele, a CNB atua como um “partido dentro do próprio partido”, impondo as suas decisões às demais instâncias da sigla de maneira unilateral. Além disso, alega que a corrente majoritária não tem coesão interna, com seus membros disputando influência entre si.
“O resultado é o pântano, é a crise”, disse Pomar no mês passado, acrescentando que há figuras importantes da CNB que negam que Gleisi faça parte do grupo, evidenciando a falta de unidade na cúpula petista. Exemplo disso são as divergências da presidente do PT com outros membros da executiva nacional, como Quaquá e o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), ambos da CNB.