Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 10 de julho de 2015
Em sua primeira visita à Itália desde que o governo de Roma autorizou a extradição de Henrique Pizzolato, a presidenta Dilma Rousseff ouviu nesta sexta-feira (10) que, com “relações renovadas” entre os países, o governo italiano “espera trazer soluções para os casos mais difíceis” quando se tratar de Justiça.
Sem citar nominalmente Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil condenado no mensalão, ou Cesare Battisti, que ganhou asilo no Brasil após ser condenado por terrorismo na Itália, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, disse que tratou com Dilma sobre “o setor de Justiça” e que espera resultados.
“Falamos sobre o setor de Justiça. Espero que essas relações renovadas, baseadas na cortesia, possam trazer solução aos casos mais difíceis, como no caso da Justiça”, afirmou Renzi em declaração à imprensa após reunião com a presidenta.
O governo italiano fala pouco em Pizzolato mas insiste em ter uma resposta do Palácio do Planalto sobre o caso Battisti. Oficialmente, porém, as discussões sobre esses temas não estavam previstas no encontro de Dilma com as autoridades italianas.
O ex-diretor do Banco do Brasil ainda está preso na Itália e espera decisão final da Justiça – prevista para setembro – após entrar com um recurso para frear o processo.
Antes de se reunir com Renzi, Dilma almoçou com o presidente italiano, Sergio Mattarella, no Palácio Quirinale, residência oficial da Presidência da República, e fez uma audiência com José Graziano, diretor-geral da FAO.
Dilma almoçou com o presidente italiano, Sergio Mattarella, no Palácio Quirinale, residência oficial da Presidência da República. (Foto: Antonio Di Gennaro/AFP)
Parceria estratégica
Com a visita, os governos de Brasil e Itália esperam retomar a parceria firmada entre os dois países em 2007, considerada “estratégica”.
Dilma disse que assinou com o governo italiano um plano de ação com 16 pontos, principalmente nas áreas de investimento, cultura, educação, defesa e Justiça.
“Nossas relações se darão no mais alto nível entre os ministros, para garantir que ocorram mudanças reais”, declarou a presidenta depois de se reunir com Renzi.
Dilma disse ainda que convidou os empresários italianos a participar do programa de concessões para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, recém-lançado por ela no Brasil. Para ela, a “parceria excepcional” com os italianos pode se firmar no setor de logística.
Segundo o Itamaraty, a ampliação dos investimentos na aérea de pequenas e médias empresas foi um dos destaques do encontro. Com 1,2 mil empresas italianas atuando no Brasil, a Itália foi, em 2014, um dos dez principais parceiros comerciais do País.
Dilma viaja a Milão no fim da tarde desta sexta para, no sábado (11), visitar o pavilhão brasileiro na Expo Milão.
Realizada com dinheiro público mesmo durante a crise que acomete a Itália e diversos países da Europa, o evento foi muito criticado por sindicatos e movimentos sociais, que chegaram a criar um comitê “não à Expo” para protestar contra as cifras bilionárias da exposição que abriga, até outubro, pavilhões de 148 países.
Acompanharam a presidenta na viagem à Itália os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) e Jaques Wagner (Defesa), além do assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia. (Marina Dias/Folhapress)