Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de outubro de 2016
Com a decisão de antecipar as eleições internas, o PT (Partido dos Trabalhadores) passou a buscar um substituto para o atual presidente, Rui Falcão, e, conforme relatos de dirigentes de quatro correntes internas do partido, ainda não há consenso sobre se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria assumir a função.
No último dia 5, após reunião da Comissão Executiva Nacional, Falcão disse a jornalistas que, em setembro, o partido decidiu antecipar do segundo para o primeiro semestre do ano que vem a escolha da nova direção. Um grupo contrário à presidência de Rui Falcão chegou a marcar, para a noite desta segunda-feira (17), um ato na sede do PT em Brasília para pedir a troca no comando do partido.
Falcão, diz sua assessoria, defende que Lula assuma o comando do PT por considerar que o ex-presidente é uma “unanimidade” na sigla. O atual presidente tem tentado convencer Lula a se tornar presidente do partido, mas o ex-presidente teria mostrado resistência à ideia.
Atualmente, Lula é réu em três processos na Justiça – no Distrito Federal e no Paraná – e é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal. O petista é acusado, por exemplo, de tentar obstruir as investigações da Operação Lava-Jato e de ter envolvimento em fraudes em contratos do BNDES para execução de obras em Angola. O ex-presidente nega todas as acusações.
Avaliações
Um dos cinco vice-presidentes do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP), da corrente Mensagem ao Partido, por exemplo, avalia que as investigações sobre Lula não são um “impeditivo” para que o ex-presidente assuma o comando do PT. Ele disse, porém, acreditar que a legenda precisa passar por um processo de “refundação”, envolvendo a troca no comando da cúpula e a “atualização da agenda”.
“Eu acho que esses aspectos [processos] não são impeditivos. Ele [Lula] tem toda condição de assumir o PT, mas, talvez, seja melhor para o próprio Lula ficar solto para desempenhar suas tarefas políticas. Esse negócio das acusações contra ele são, na verdade, uma narrativa política e, por isso, acho que não são impeditivas. Mas é preciso buscar um nome que renove e unifique o partido”, afirmou o deputado.
Na mesma linha, o deputado José Guimarães (CE), também vice-presidente do PT, da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), afirma que a legenda precisa passar por uma “renovação geral, ampla e irrestrita” porque, em sua avaliação, o partido “envelheceu”.
Embora ele diga que Lula tenha “todas as condições” para assumir o posto de presidente do PT a partir de 2017, acrescenta que há outros nomes para a função, como o do ex-ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia Jaques Wagner. (AG)