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Sem domínio no Congresso, Lula monta sua base de apoio no Judiciário

Lula afirmou que cabe ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) fazer o levantamento de terras improdutivas no Brasil. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Engana-se quem pensa que a prioridade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é resolver os problemas da articulação política no Congresso Nacional. Sem domínio na Câmara dos Deputados e no Senado, Lula optou por montar sua base de apoio entre os magistrados. Quem frequenta o Palácio do Planalto afirma que o presidente só pensa em “fazer um cercadinho no Judiciário”, de onde acredita que virá sua blindagem.

O jogo da política tem se judicializado cada vez mais. E o presidente sabe que decisões contrárias ao governo, articuladas no Congresso, podem ser revertidas no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma das pautas que Lula tenta virar pelo Supremo é a da privatização da Eletrobras. Também estão em jogo medidas para endurecer as regras das big techs.

Nas últimas conversas com ministros do STF, Lula indicou que não vai ceder a pressões políticas por indicações no Judiciário. Só levará em conta as opiniões de ministros do Supremo com quem tem diálogo mais assíduo.

Além de duas escolhas para o STF este ano, Lula acaba de nomear dois ministros para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tem duas vagas para preencher no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Supremo

O presidente Lula conversou nos últimos dias com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e sinalizou que vai indicar Cristiano Zanin para ocupar a cadeira deixada por Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril deste ano. A indicação do nome do advogado pode ocorrer até o fim desta semana. Advogado do chefe do Executivo nos processos da Lava- Jato, Zanin foi responsável por conseguir a absolvição de Lula nos escândalos investigados pela operação.

Desde que Lewandowski deixou a Suprema Corte, o nome de Zanin era tido como o favorito para substituí-lo. Apesar da relação pessoal com o advogado, o que poderia causar suspeitas sobre as intenções do presidente com a escolha por Zanin, Lula sempre deixou claro que gostaria de escolher uma pessoa próxima a ele.

Na última sexta-feira (26), Lula fez um churrasco no Palácio da Alvorada para reunir membros do governo e lideranças no Congresso Nacional, mas também convidou integrantes do STF, como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Na conversa com os ministros, Lula informou que a indicação de Zanin é apenas questão de tempo.

Mesmo ciente do passado do advogado a favor de Lula, a avaliação de ministros do Supremo é de que isso não deve ser um grande empecilho para que Zanin faça parte do STF, visto que não é raro que as pessoas indicadas para ocupar uma cadeira da Corte tenham algum tipo de relação com o presidente que as escolhe.

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