Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de outubro de 2020
Há quatro anos, quase 15 mil candidatas a vereadora não receberam nem sequer o próprio voto – o equivalente a 10% do total
Foto: DivulgaçãoUm levantamento feito pelo site G1 revela que 975 candidatas mulheres que não receberam nem sequer um voto em 2016 voltaram a se candidatar nestas eleições. Em 99% dos casos, as mulheres lançaram a nova candidatura no mesmo município pelo qual “concorreram” em 2016. Porém, mais da metade das candidatas (57%) mudou de partido.
Quase todas as mulheres (98%) continuam buscando uma cadeira na Câmara Municipal. Elas disputam por 27 partidos, sendo que MDB, PSD e PP registram o maior número das mulheres ‘zeradas’ em 2016 que concorrem em 2020. Os Estados com o maior número dessas candidaturas são Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Maranhão.
Os partidos começaram a aumentar o número de candidaturas de mulheres após a minirreforma eleitoral de 2009. A emenda tornou obrigatória a cota de, no mínimo, 30% para candidaturas de mulheres em eleições proporcionais (como a de vereador). Antes disso, uma lei previa a reserva de 30% das vagas para as mulheres, mas os partidos deixavam essas vagas vazias.
Especialistas afirmam que as mulheres se interessam por política, mas enfrentam barreiras para o lançamento de candidaturas e também para ter sucesso eleitoral (como o financiamento de campanha). Elas destacam que os partidos ainda são dominados por homens, que não têm interesse em incentivar a participação de mulheres e que temem perder espaço ou cargo na vida pública.
“As ‘candidatas laranjas’ ainda existem porque alguns partidos políticos não conseguem ou não se interessam em cumprir a cota mínima de candidatas mulheres e, em vez de procurar candidatas potenciais, preferem fraudar as candidaturas”, diz a advogada eleitoral Eloiza Almeida.
A eleição municipal de 2016 teve, no total, 141.118 candidaturas de mulheres na disputa por uma vaga de vereadora. Desse montante, 14.473 não receberam nem mesmo o próprio voto (10% do total). Considerando o total de candidaturas a vereador que não receberam nem sequer um voto em 2016, 89% eram de mulheres e apenas 11% de homens.