A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (27) quatro requerimentos convidando o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, a explicar a manutenção da atual taxa básica de juros, a taxa Selic, em 13,75% ao ano.
Esta é a segunda vez, em 2023, que Campos Neto é convidado a falar sobreo assunto na Casa. Por se tratar de um convite, e não uma convocação, Campos Neto não tem obrigação de comparecer.
O líder do governo no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (Sem Partido-AP), protocolou pedido para ouvir o presidente do BC.
“É inaceitável que Campos Neto continue sabotando o Brasil e o povo brasileiro com a mais alta taxa de juros reais do mundo! A quem interessa impedir o crescimento econômico do nosso país?”, questionou.
Na segunda-feira (26), também apresentaram requerimentos Neto os senadores da oposição Plínio Valério (PSDB-AM), Rogério Marinho (PL-RN) e Ciro Nogueira (PP-PI). No pedido, Marinho, que é líder da oposição no Senado, argumentou que o Banco Central já esclareceu sobre os motivos da atual taxa básica de juros.
“Mesmo com a recente elucidação da matéria pelo presidente Campos Neto, defendemos o debate da problemática, bem como esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários”, explicou.
Taxa em 13,75%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. A decisão foi unânime. A decisão da última quarta-feira (21) manteve a taxa no mesmo patamar pela sétima vez seguida, ou mais de 10 meses. Apesar dos dados, a Selic se manteve no maior nível desde janeiro de 2017. A decisão já era aguardada pelo mercado financeiro.
“O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, salientou o Banco Central em nota.
O presidente do Banco Central vem sendo alvo de críticas do governo, de centrais sindicais e organizações patronais devido à essa manutenção.
Na semana passada, a senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA) chegou a pedir ao Conselho Monetário Nacional (CMN) a exoneração do presidente do BC, “em razão do seu comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos da instituição”.
Nesta terça, o Copom, formado pelo presidente e por diretores do BC avaliou que a continuidade da queda da inflação e seu impacto sobre as expectativas do mercado financeiro para o índice podem possibilitar uma queda dos juros no começo de agosto.