Domingo, 02 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2025
A governabilidade do terceiro mandato do governo Lula em 2025 passa pela boa relação do Planalto com os novos presidentes da Câmara e do Senado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve sucesso nas articulações para definição do comando das duas casas e tenta costurar uma reforma ministerial para afagar os aliados. Mas um fator preocupa os governistas, o risco de “uma mudança pendular” de problemas.
O senador Davi Alcolumbre, favorito para assumir o Senado, tem sido classificado por petistas como o “novo Lira”, em referência à difícil e volátil relação que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teve nos últimos dois anos com o governo.
O cálculo dos governistas é de que haverá uma inversão no clima de hostilidade ao presidente no Congresso: os ânimos esfriarão na Câmara com Hugo Motta (Republicanos-PB) e esquentarão no Senado, com a saída de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o retorno de Alcolumbre. Embora o PT e o próprio governo tenham embarcado nas duas candidaturas, há uma avaliação de que Alcolumbre usará mais o cargo para pressionar o Planalto.
Um sinal desse modus operandi ocorreu no final do ano, quando relator do Orçamento Geral da União de 2025, senador Ângelo Coronel (PSD-BA), anunciou que a proposta só seria votada após o recesso parlamentar. A decisão de deixar a peça orçamentária “pendurada”, na visão de interlocutores palacianos, teve a digital de Alcolumbre. Lira, por outro lado, de saída do cargo, defendia a votação ainda em 2024.
Outro teste para o Planalto serão as sabatinas das indicações de Lula para cargos em agências reguladoras, que também ficaram para 2025.
Sinais
Após ser eleito com 73 dos 81 votos dos parlamentares da Casa, o novo presidente do Senado foi inquerido sobre a relação entre os três Poderes. Alcolumbre citou o imbróglio entre Arthur Lira (PP-AL), na presidência da Câmara, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), ressaltando que nunca teve problemas com o petista. “Cortar relação com ministro da articulação política não faz bem para institucionalidade”, disse.
Ele também ressaltou a relação com os senadores Randolfe Rodrigues (PT-AM), líder do governo no Congresso, e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.
Alcolumbre também defendeu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com quem disse ter “excelente relação”. Ele lamentou disputas políticas e partidárias que, segundo o senador, tentam desconstruir a figura de um homem público que está dando o máximo de si. (Estadão Conteúdo)