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Senado instala CPI para apurar as suspeitas de irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais

Conforme as investigações, quadrilha que atuava no Carf pode ter gerado um prejuízo de 19 bilhões de reais aos cofres públicos (Foto: André Dusek/AE)

O Senado instalou ontem uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar suspeitas de manipulação de julgamentos realizados pelo Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Além da definição do presidente e da relatora do colegiado, foi aprovado o pedido de informações sobre o caso ao MP (Ministério Público) e à PF (Polícia Federal), e a convocação de sete pessoas para depoimentos.

O Carf, ligado ao Ministério da Fazenda, é a última instância de recursos de processos administrativos que envolvem tributos federais administrados pela Receita Federal. O órgão pode, inclusive, anular multas aplicadas a empresas.

Na primeira reunião, a comissão elegeu como presidente da mesa o senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) e, como vice-presidente, o senador Donizeti Nogueira (PT-TO). A relatora escolhida foi a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM). O colegiado conta com 11 senadores titulares e sete suplentes.

No fim de março, a PF deflagrou uma operação para desarticular o suposto esquema criminoso que envolveria ao menos 70 empresas dos ramos bancário, siderúrgico, automobilístico e da construção civil.

Conforme as investigações da Operação Zelotes, a quadrilha que atuava no Carf pode ter gerado um prejuízo de 19 bilhões reais à Receita a partir da anulação ou da redução indevida de multas aplicadas pelo órgão, dos quais 5,7 bilhões de reais já estão comprovados.

O pedido para a criação da CPI, de autoria de Oliveira, aponta a necessidade de apurar as denúncias de que julgamentos do Carf foram manipulados para anular autuações fiscais ou reduzir substancialmente os tributos cobrados das empresas.

Requerimentos – Na primeira reunião da CPI, foram aprovados requerimentos que solicitam à PF e ao MP que encaminhem à comissão, com urgência, cópias de todos os documentos relativos aos fatos investigados no âmbito da Zelotes. Os senadores também aprovaram um pedido para que o juiz da 10 vara federal, Ricardo Leite, responsável pelo caso, envie a cópia de todos os documentos que estão em seu poder. “A principal tarefa neste momento é compartilharmos o máximo de documentos e informação que pudermos”, disse a relatora.

Depoimentos – Foi admitida, ainda, a convocação de sete pessoas para prestarem esclarecimentos: o procurador-chefe da Fazenda Nacional no Carf, Paulo Riscado; o procurador da República responsável pelas investigações da Zelotes, Frederico Paiva; o diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, Oslain Santana; o presidente do Carf, Carlos Barreto; a vice-presidente do Carf, Maria Tereza Martínez López; um dos conselheiros do Carf, Paulo Roberto Cortez; e o genro do ex-secretário da Receita Otacílio Cartaxo e um dos ex-conselheiros do Carf investigados, Leonardo Manzam.

A comissão terá prazo de quatro meses (120 dias) para concluir o trabalho e verba de 100 mil reais, mas o presidente da colegiado já mencionou a possível necessidade de revisão dos números. “A princípio, vejo como tempo muito curto, mas o presidente [do Senado] Renan [Calheiros] sempre tem sido sensato e, se necessário for, vai nos conceder mais prazo”, disse. Em seguida, afirmou que pode ser necessário rever o valor da verba.

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