Terça-feira, 03 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2021
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou um requerimento para convocar para a CPI da Covid a secretária de enfrentamento à Covid-19, Luana Araújo, que ficou pouco mais de uma semana no cargo e pediu para sair.
Na sexta-feira (21), Luana não aceitou “entubar” determinações vindas do Palácio do Planalto. O senador quer justamente saber os motivos de sua saída. A agora ex-secretária é infectologista e em suas redes sociais, antes de assumir o cargo, havia manifestado que é contrária ao uso de cloroquina e ivermectina no tratamento da covid, chegou a dizer que se tratava de “neocurandeirismo” e que o Brasil estava “na vanguarda da estupidez mundial”. Depois que as posições da secretária foram noticiadas na imprensa, ela apagou sua conta na rede social.
Luana ficou apenas dez dias no cargo. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou neste sábado que busca por outro nome com perfil profissional semelhante.
Vieira quer saber os motivos da saída da médica da pasta comandada por Marcelo Queiroga. Em suas redes sociais, Luana já se manifestou contra o uso de cloroquina e outros medicamentos no “tratamento” de covid.
A secretária de Enfrentamento à Covid, Luana Araújo, deixou o Ministério da Saúde dez dias após ser anunciada. De acordo com nota oficial, a pasta está em busca de outro nome de perfil técnico e com atuação baseada em evidências científicas. A saída da médica é atribuída, nos bastidores, a pressões do governo que ela não teria aceitado em relação à condução da pandemia.
Vacina
“O Ministério da Saúde informa que a médica Luana Araújo, anunciada para o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à covid, não exercerá a função. A pasta busca por outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas. A pasta agradece à profissional pelos serviços prestados e deseja sucesso na sua trajetória”, diz a nota, sem informar o motivo da saída dela.
Luana havia sido anunciada para o cargo no dia 12 pelo ministro da Saúde. Ela é formada pela UFRJ e pós-graduada em epidemiologia na Universidade Johns Hopkins, nos EUA.
Em nota divulgada pelo seu perfil no Instagram, a médica não deixou claro a motivação de sua saída, mas ressaltou que em seu discurso de apresentação fez questão de evidenciar uma “postura técnica” e baseada em evidências.
“Fiz questão de evidenciar minha postura, pautada pelo juramento médico que fiz e que norteia todas as minhas atitudes. Vejo a ciência como ferramenta de produção de conhecimento e de educação para a priorização da vida”.
Na mesma nota, ela disse que conseguiu desenvolver trabalhos como o plano de testagem anunciado no sábado pelo ministério. Além disso, desejou sorte ao ministro Queiroga pela “oportunidade, confiança e exemplarismo”.
“Saio desta experiência como entrei: pela porta da frente, com a consciência e o coração tranquilos, ciente de que neste curto período entreguei o melhor da minha capacidade de acordo com os princípios que tenho como profissional especialista na área: ética, cientificidade, agilidade, eficiência, empatia e assistência”.
Posicionamentos
No dia em que foi anunciada, a médica tinha feito manifestações contrárias ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento contra a doença.
Os remédios, sem eficácia comprovada para a covid, são defendidos pelo presidente Bolsonaro e por integrantes do governo como parte do chamado “tratamento precoce” e constam, inclusive, de orientação da pasta para o atendimento aos doentes, baixada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello.
A postagem que havia originado os comentários de Luana é uma nota da Associação Médica Brasileira, de julho do ano passado, defendendo a autonomia do médico em prescrever a hidroxicloroquina. Em meio a mensagens de internautas parabenizando e criticando a entidade, a médica escreveu: “Neocurandeirismo. Iluminismo às avessas. Brasil na vanguarda da estupidez mundial”.
Na sequência de comentários no Twitter, ao responder a um perfil que hoje aparece como suspenso na rede social, Luana destacou, usando a sigla HCQ para hidroxicloroquina: “Feliz por você, mas não há qualquer evidência a favor à eficiência da HCQ. Seus pacientes devem ter se recuperado em função da competência de suporte de vocês, aliada à história da doença. Nada de pseudoterapia”.
Em coletiva à imprensa, o ministro se negou a dizer o motivo da saída da infectologista. Ele negou haver pressões do Palácio do Planalto para que a nomeação não se concretizasse, já que a médica já tinha se manifestado anteriormente contra remédios como cloroquina, sem eficácia comprovada para a covid:
“Não tem pressão do Palácio do Planalto. Esse é um assunto que considero encerrado. A doutora Luana é uma excelente médica e nós vamos buscar um perfil semelhante ao dela para trabalhar aqui conosco.”