Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de agosto de 2023
"Era apenas uma instrução ao TSE para garantir mais camadas de segurança das urnas", disse Flávio Bolsonaro.
Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoDurante a CPMI (comissão parlamentar mista de inquérito) dos atos antidemocráticos nesta quinta-feira (17), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro se encontrou com o hacker Walter Delgatti para discutir supostas vulnerabilidades nas urnas eletrônicas.
O hacker foi ouvido durante esta quinta. Delgatti afirmou que se reuniu com o ex-presidente no Palácio da Alvorada antes das eleições do ano passado e teria falado sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Em sua manifestação, o senador confirmou o encontro.
“Só para esclarecer a relatora, primeiro que não tenho nada a esconder, porque a conversa do senhor Walter era para ele mostrar seus conhecimentos para que fosse oficialmente instruído o TSE sobre vulnerabilidade das urnas eletrônicas. Só para ficar bem claro. A manhã inteira ficou essa mentira na CPI. Repito, era apenas uma instrução ao TSE para garantir mais camadas de segurança das urnas”, disse.
Preso desde 2 de agosto por invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Walter Delgatti ficou conhecido em 2019, quando vazou mensagens de diversas autoridades envolvidas na operação Lava Jato. O episódio, investigado na operação Spoofing, ficou conhecido como “Vaza Jato”.
Ele foi convocado para comparecer à Comissão após uma operação da Polícia Federal (PF), que também teve como alvo a deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Os agentes apuram a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, do CNJ.
Grampo
Delgatti Neto afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Ele relatou que esse pedido teria sido feito por Bolsonaro por telefone quando o hacker encontrou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em um posto de combustíveis na rodovia Bandeirantes, em São Paulo.
Segundo Delgatti, na ocasião, Zambelli pegou um celular novo e inseriu um chip que ele acredita nunca ter sido utilizado. Depois, o então presidente da República entrou em contato.
“Nisso, eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo – que era tão esperado à época – que era do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado e já teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse o hacker.
Delgatti explicou que, na época, sua imagem estava atrelada às mensagens que ele obteve ilegalmente de promotores da Operação Lava-Jato. “Então, seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu havia assumido a Vaza-Jato e eles apoiaram”, declarou. “Então, a ideia seria o garoto da esquerda assumir esse grampo”, continuou Delgatti.
“Ele disse no telefonema que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo, porque não tive acesso a ele. E disse que em troca eu teria o prometido indulto e ele ainda disse assim: ‘Se caso alguém te prender, eu mando prender o juiz’ e deu risada”, completou.
O hacker disse que entendeu que esse grampo seria suficiente “para alguma ação contra o ministro” e para fazer com que as eleições fossem realizadas com urnas que imprimissem os votos. Ele afirmou que, na ocasião, concordou porque era uma proposta do presidente da República: “Ficaria até difícil falar não.”