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Senador Flávio Bolsonaro confirma encontro de Bolsonaro com hacker para discutir supostas vulnerabilidades da urna eletrônica

"Era apenas uma instrução ao TSE para garantir mais camadas de segurança das urnas", disse Flávio Bolsonaro. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Durante a CPMI (comissão parlamentar mista de inquérito) dos atos antidemocráticos nesta quinta-feira (17), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro se encontrou com o hacker Walter Delgatti para discutir supostas vulnerabilidades nas urnas eletrônicas.

O hacker foi ouvido durante esta quinta. Delgatti afirmou que se reuniu com o ex-presidente no Palácio da Alvorada antes das eleições do ano passado e teria falado sobre a segurança das urnas eletrônicas.

Em sua manifestação, o senador confirmou o encontro.

“Só para esclarecer a relatora, primeiro que não tenho nada a esconder, porque a conversa do senhor Walter era para ele mostrar seus conhecimentos para que fosse oficialmente instruído o TSE sobre vulnerabilidade das urnas eletrônicas. Só para ficar bem claro. A manhã inteira ficou essa mentira na CPI. Repito, era apenas uma instrução ao TSE para garantir mais camadas de segurança das urnas”, disse.

Preso desde 2 de agosto por invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Walter Delgatti ficou conhecido em 2019, quando vazou mensagens de diversas autoridades envolvidas na operação Lava Jato. O episódio, investigado na operação Spoofing, ficou conhecido como “Vaza Jato”.

Ele foi convocado para comparecer à Comissão após uma operação da Polícia Federal (PF), que também teve como alvo a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Os agentes apuram a inserção de alvarás de soltura e mandados de prisão falsos no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, do CNJ.

Grampo

Delgatti Neto afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu que ele assumisse a autoria de um grampo que teria sido realizado contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Ele relatou que esse pedido teria sido feito por Bolsonaro por telefone quando o hacker encontrou a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em um posto de combustíveis na rodovia Bandeirantes, em São Paulo.

Segundo Delgatti, na ocasião, Zambelli pegou um celular novo e inseriu um chip que ele acredita nunca ter sido utilizado. Depois, o então presidente da República entrou em contato.

“Nisso, eu falei com o presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo – que era tão esperado à época – que era do ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado e já teria conversas comprometedoras do ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse o hacker.

Delgatti explicou que, na época, sua imagem estava atrelada às mensagens que ele obteve ilegalmente de promotores da Operação Lava-Jato. “Então, seria difícil a esquerda questionar essa autoria, porque lá atrás eu havia assumido a Vaza-Jato e eles apoiaram”, declarou. “Então, a ideia seria o garoto da esquerda assumir esse grampo”, continuou Delgatti.

“Ele disse no telefonema que esse grampo foi realizado por agentes de outro país. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo, porque não tive acesso a ele. E disse que em troca eu teria o prometido indulto e ele ainda disse assim: ‘Se caso alguém te prender, eu mando prender o juiz’ e deu risada”, completou.

O hacker disse que entendeu que esse grampo seria suficiente “para alguma ação contra o ministro” e para fazer com que as eleições fossem realizadas com urnas que imprimissem os votos. Ele afirmou que, na ocasião, concordou porque era uma proposta do presidente da República: “Ficaria até difícil falar não.”

 

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