Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de julho de 2023
Em fevereiro, o senador disse que foi coagido por Bolsonaro e pelo ex-deputado Daniel Silveira “a participar de um golpe”
Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoEnvolto em um suposto plano para gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) prestou depoimento nesta terça-feira (18) na sede da Polícia Federal, em Brasília.
Conforme o senador, em dezembro do ano passado, ele se reuniu com Daniel Silveira (PTB-RJ) e o então presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio da Alvorada. Os três teriam discutido uma trama com o objetivo de levantar suspeitas sobre a atuação do ministro na presidência do TSE.
A PF apura se os envolvidos teriam arquitetado um plano para tentar anular a eleição presidencial de 2022, na qual Bolsonaro foi derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em 15 de junho, a PF fez uma operação nos endereços ligados a Do Val e no Senado Federal. A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, que também determinou que o senador deveria prestar depoimento.
Na operação, foram apreendidos computadores, pen drives e telefone celular.
Depoimento de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou durante depoimento à PF na semana passada que tenha conversado sobre um plano com o senador Marcos do Val e com o ex-deputado Daniel Silveira para gravar o ministro Alexandre de Moraes.
Bolsonaro confirmou que se encontrou com Do Val e Daniel Silveira no Palácio da Alvorada, mas que nada foi falado sobre Alexandre de Moraes ou sobre prática de algum ato antidemocrático.
A reunião no dia 8 de dezembro de 2022, conforme Bolsonaro, durou 20 minutos. Em depoimento ele afirmou que recebeu uma ligação de Daniel Silveira. O ex-deputado então falou que Marcos do Val queria falar com ele. Bolsonaro disse não saber de quem partiu a iniciativa de marcar o encontro. E que, antes disso, não tinha tido contato com o senador.
Ele afirmou ainda que sempre permaneceu “dentro das quatro linhas do texto da Constituição”. E que desconhece a informação de que Marcos do Val teria sido “recrutado” por Silveira, mas que o ex-deputado teria dito que o senador teria algo para “mexer com a República”.
A denúncia
Em fevereiro, Marcos do Val disse que foi coagido por Bolsonaro e pelo ex-deputado Daniel Silveira “a participar de um golpe”.
O senador contou, à época, que a proposta era gravar uma conversa dele com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, que seria instigado por ele a admitir que estava extrapolando os limites constitucionais.
Com tal gravação em mãos, segundo Do Val, aliados do ex-presidente solicitariam a prisão de Moraes e a anulação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Assim que o caso veio à tona, o magistrado determinou abertura de inquérito.
Marcos do Val mudou a versão da história nos dias seguintes e tentou minimizar o suposto envolvimento de Bolsonaro no episódio, alegando, inclusive, que se enganou ao dizer que havia sido coagido.