Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 13 de julho de 2024
Para o alagoano, o colegiado pode ter sido prejudicado por "grampolândia".
Foto: Edilson Rodrigues/Agência SenadoO senador Renan Calheiros (MDB-AL) prometeu levar o caso do monitoramento ilegal de opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) à Justiça, inclusive em cortes internacionais. Segundo o parlamentar, que foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a gestão do governo Bolsonaro durante a pandemia de covid, a atuação do colegiado pode ter sido prejudicada por uma “grampolândia” orquestrada por órgãos do governo Bolsonaro.
Em postagem no X (antigo Twitter) na sexta-feira (13), Renan disse que as revelações da investigação da Polícia Federal (PF) podem justificar que a Procuradoria-Geral da República (PGR) reabra apurações da CPI que foram engavetadas pelo ex-procurador-geral Augusto Aras.
“Vou entrar na Justiça, até em cortes internacionais, como assistente da acusação no escândalo Abin. A grampolândia na cúpula da CPI mostra que a investigação pode ter sido embaraçada na ação marginal de órgãos de Estado. Fatos novos para PGR reabrir partes engavetadas por [Augusto] Aras (ex-procurador-geral da República)”, afirmou o senador.
Além de Calheiros, a Polícia Federal investiga se a “Abin paralela” monitorou outros quatro deputados federais, três senadores, um ex-governador, dois servidores do Ibama, três auditores da Receita e quatro jornalistas.
Na quinta-feira (11), a PF deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha, que apura os monitoramentos irregulares. Entre as provas coletadas pelos investigadores, está a gravação de uma reunião entre o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que dirigiu a Abin durante o governo Bolsonaro, e o ex-presidente. Na gravação, eles discutem um plano para anular o inquérito das “rachadinhas”, que mirou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A CPI da Covid, relatada por Calheiros, sugeriu o indiciamento de 66 pessoas em outubro de 2021. A lista inclui Bolsonaro e os três filhos políticos dele (Carlos, Eduardo e Flávio) e foi enviada para a PGR e ao STF.
Em novembro de 2022, nas vésperas do término do mandato de Bolsonaro na presidência, Augusto Aras pediu o arquivamento das investigações relacionadas ao relatório da CPI. Em fevereiro de 2023, a ministra Rosa Weber, então presidente do STF, contrariou o parecer e determinou a continuidade do inquérito. O caso ainda tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).