Sábado, 30 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2019
Diante das crises protagonizadas pelo presidente Jair Bolsonaro, parlamentares e articuladores do governo tentam blindar o Congresso para que a verborragia do chefe do Executivo não contamine pautas consideradas prioritárias, como as reformas da Previdência e tributária.
Congressistas ouvidos apostam em uma blindagem automática das reformas econômicas por entenderem que há um consenso na importância de realizá-las. Na terça-feira (27), as queimadas na Amazônia dominaram os discursos no Legislativo e deixaram em alerta parlamentares governistas e da oposição. Só no Senado, foram quase 20 manifestações, por mais de duas horas.
Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais) indicam um aumento dos focos de queimada na Amazônia, o que levou chefes de Estado de outros países a criticar a política ambiental do governo Bolsonaro. O presidente, por sua vez, atribuiu a crise inicialmente à atuação de ONGs (organizações não-governamentais), mesmo sem provas.
Na polêmica mais recente, Bolsonaro decidiu condicionar o recebimento de uma ajuda de 20 milhões de dólares do G7 – grupo das sete maiores economias do mundo – a um pedido de desculpas do presidente da França, Emmanuel Macron. O setor agrícola brasileiro teme que a crise provoque sanções ou um boicote a produtos nacionais.
“A classe política é muito sensível a todas essas questões, trazem um impacto muito grande. A reforma da Previdência acaba sendo prejudicada por uma fala do presidente da República. Acaba desvirtuando um pouco aquilo que deve ser o objeto central do Brasil, que é a agenda econômica”, diz a senadora Eliziane Gama (MA), líder do Cidadania.
Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tentam “baixar a temperatura” nas Casas que comandam.
De perfil apaziguador, Alcolumbre negociou com Maia a criação de uma comissão permanente de deputados e senadores para discutir mudanças climáticas.
Desde a semana passada, Maia vem tentando conter os danos do discurso radical de Bolsonaro. Na Câmara, acompanha o avanço de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que permite a exploração agropecuária em terras indígenas. Maia chegou a dizer que, caso o tema “gere mais narrativas negativas” para o País, não instalará a comissão especial para analisar esse texto, deixando-o parado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).