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Senadores possuem irmão, esposa e até mãe como seus suplentes

Afastado, o senador Chico Rodrigues será substituído pelo filho. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

O afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro vivo na cueca, expôs uma prática recorrente: a escolha de familiares para vagas de suplente no Senado. No caso de Rodrigues, quem deve substituí-lo nos próximos meses é o filho Pedro Arthur, que passará a ter todos os benefícios do cargo. Outros parlamentares optaram por colocar o irmão, a esposa e até a mãe no posto.

Na lista, está o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que tem o irmão José Samuel Alcolumbre, o Josiel, como eventual substituto. Josiel concorre à prefeitura de Macapá com o apoio de Davi, que aposta na vitória como peça importante do seu projeto de poder no Estado.

No início do mês, em entrevista ao jornal O Globo, Josiel afirmou que a suplência lhe deu legitimidade para fazer “uma ponte” entre o prefeito de Macapá, o governo de Amapá e a bancada do Estado em Brasília nos últimos anos.

Aliado do presidente Jair Bolsonaro e um dos principais líderes do centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) tem a mãe, Eliane Nogueira, como suplente. Em agosto de 2018, ao anunciar a composição da chapa, ele afirmou que escolheu “pessoas experientes e de valor” para estarem com ele na disputa eleitoral.

Apesar de não ter experiência na vida pública, Eliane afirmou, em entrevista ao Antagonista, em setembro, que “sempre trabalhou com política” e que “esteve na linha de frente” das campanhas eleitorais.

Líder do MDB, o senador Eduardo Braga (AM), escolheu a esposa, Sandra Braga, como suplente. Sandra tomou posse como senadora em janeiro de 2015 para que o marido assumisse o Ministério de Minas e Energia e deixou o cargo em abril de 2016. Ela teve aprovado um projeto de sua autoria, aumentando o valor de referência da pensão recebida por pessoas com deficiência física portadoras da Síndrome de Talidomida de R$ 426,53 para R$ 1.000.

Em 2013, o Senado aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição com mudanças nas regras para escolha do suplente de senador. O texto reduz de dois para um o número de suplentes e proíbe a eleição para o cargo de cônjuge ou parente consanguíneo, até segundo grau. A proposta, no entanto, está parada até hoje na Câmara dos Deputados.

Na época, o texto foi aprovado quase por unanimidade, com votos favoráveis até mesmo de Eduardo Braga e Ciro Nogueira.

A prática de parentes na suplência é recorrente. Em 2008, o ex-senador Edison Lobão, deixou o cargo para assumir o Ministério de Minas e Energia e quem assumiu em seu lugar foi o suplente Edison Lobão Filho. Em 2018, os dois tentaram novamente a dobradinha, mas não se reelegeram.

O suplente do ex-senador Antonio Carlos Magalhães também era o seu filho, Antonio Carlos Magalhães Júnior. Em 2007, ACM Júnior assumiu o cargo após a morte do pai. Anos antes, em 2001, também tomou posse na Casa após o pai renunciar para evitar processo de cassação do mandato.

Há, ainda, situações em que os congressistas optam por aliados e empresários que os ajudaram a abastecer a campanha. Os senadores Cid Gomes (PDT-CE) e Rose de Freitas (Sem partido-ES) receberam, cada um, cerca de R$ 1 milhão dos seus suplentes, os empresários Prisco Bezerra e Luiz Pastore, respectivamente. Nos dois casos, os suplentes assumiram o cargo por quatro meses entre o final do ano passado e início deste ano.

Em outras situações, os senadores mantém a relação próxima com os suplentes, envolvendo até mesmo verba do Senado. O escritório de apoio do senador Acir Gurgacz (PDT-RO) funciona desde 2010 em imóvel pertencente ao seu suplente, o advogado Gilberto Piselo. Na última década, Gurgacz pagou regularmente o aluguel ao advogado através da cota parlamentar. Somente este ano, foram desembolsados mais de R$ 65 mil.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que comanda o diretório estadual do partido em Sergipe, tem como suplente Fernando Luiz Prado Carvalho Junior, que atua como o seu vice na sigla. Vieira contratou Carvalho Junior como auxiliar parlamentar no escritório de apoio do Estado, mantido com a cota paga pelo Senado para o exercício do mandato. Segundo o sistema da Casa, ele recebe salário bruto de cerca de R$ 7 mil. As informações são da revista Época.

 

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