Faltam poucos passos para o fim do processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ouvido pelo juiz Sérgio Moro na última quarta-feira. A velocidade média do magistrado indica que o petista será condenado – ou não – em julho, talvez em agosto.
Todas as testemunhas e réus desta ação, que julga o triplex do Guarujá (Lula é réu em quatro outros processos), já foram ouvidos. Ontem o MPF (Ministério Público Federal) e a defesa de Lula pediram as últimas diligências, que podem atrasar o processo em alguns dias.
O MPF quer interrogar mais três pessoas e os advogados do petista pediram 11 providências, a maioria – incluindo um pedido de auditoria – ligada à empresa OAS. Mas Moro tem o poder de aceitar ou não estas diligências, decisão ainda não tomada até a noite de ontem. Se ele indeferir os pedidos, abrirá imediatamente os prazos para alegações ¡nais.
Com as alegações feitas, a sentença sairá a qualquer momento. O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por exemplo, foi condenado por Moro a 15 anos e quatro meses de prisão apenas três dias após a defesa do ex-presidente da Câmara dos Deputados protocolar suas alegações. “O juiz já pode ir escrevendo a base da sentença antes das alegações, não há problema nisso”, diz um advogado que representa a Petrobras.
No depoimento a Moro, Lula adotou a tática de negar responsabilidades. Sobre o esquema de corrupção da Petrobras, disse desconhecer os crimes e negou até ter influência sobre o PT. No caso do tríplex, atribuiu à ex-primeira dama Marisa Letícia, morta em fevereiro, todas as decisões sobre o imóvel.
Segundo o petista, foi Marisa quem decidiu – sem consultá-lo – comprar uma cota de participação para um apartamento em 2005, quando a obra ainda era tocada pela cooperativa Bancoop. Após a OAS assumir a construção, em 2009, Lula reconheceu ter visitado o local uma vez, já em 2014, mas disse que o ex-presidente da construtora, Léo Pinheiro, estava tentando convencê-lo a comprar o imóvel, “como qualquer vendedor”.