O sequestro do ex-vice-presidente do Paraguai, Óscar Denis Sanchez, de 75 anos, chega ao 603º dia nesta quinta-feira (5). O político foi levado por membros do autodenominado Exército do Povo Paraguaio (EPP) em 9 de setembro de 2020, quando estava em uma fazenda na região de Bella Vista Norte, perto da fronteira com o Mato Grosso do Sul.
A família de Denis publicou um comunicado na segunda-feira, data em que o sequestro chegou ao 600º dia. A nota, assinada pela filha do ex-vice-presidente, Beatriz Denis, critica o fato de o governo paraguaio já ter declarado a erradicação total do EPP.
“A declaração de vitória do governo é um sinal de sua derrota contra o EPP. Seiscentos dias após o sequestro de nosso pai, Óscar Denis, sua ausência nos machuca, ainda mais do que naqueles primeiros dias, porque hoje podemos ver claramente que os responsáveis pela sua liberdade, pela nossa segurança, não cumprem nem pretendem garantir esse direito”, afirmou.
Denis ocupou a vice-presidência entre 2012 e 2013, durante o governo de Federico Franco. Ele também é ex-deputado e ex-senador no Paraguai.
A autoria do sequestro foi assumida pelo EPP dois dias após o rapto de Denis. Na época, o grupo exigiu a soltura de dois de seus membros que estavam presos e o pagamento de US$ 2 milhões (equivalente a R$ 9,8 milhões) em cestas básicas para libertar o ex-vice-presidente.
O EPP é uma organização de extrema esquerda que foi criada em 2008. O grupo começou com apenas 30 membros e até hoje não foi erradicado. Cerca de 70 mortes, entre civis, policiais e militares, são atribuídas ao EPP.
O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, prometeu nesta quinta-feira que o governo manterá os esforços para acabar com a guerrilha do EPP.
“Nosso compromisso é seguir fazendo o maior dos esforços para acabar com esse grupo de terroristas que tanto dano fez à muitas famílias paraguaias”, disse o chefe de Estado, em entrevista à jornalistas locais.
Benítez se pronunciou depois que a família de Denis denunciou que estava sendo alcançados “600 dias do esquecimento”.
Nesta quinta, o presidente assistiu a uma solenidade de entrega de aviões doados pela Agência de Cooperação Internacional da Coreia do Sul e expressou solidariedade aos parentes do ex-vice-presidente.
“Não questionamos nenhum tipo de questionamentos que façam, pela dor que está passando essa família”, disse Benítez.
Segundo o presidente, o governo, através do Ministério do Interior, está “em permanente” contato com os familiares. As informações são do jornal O Globo e da agência de notícias Efe.