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Variedades Ser linchado virtualmente é uma experiência traumática, que pode levar a tristeza profunda, crises de ansiedade, depressão e até a morte

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Linchamentos virtuais têm impactos severos na saúde mental das vítimas. (Foto: Reprodução)

Ser linchado virtualmente é uma experiência traumática, que pode levar a tristeza profunda, crises de ansiedade, depressão e, em casos extremos, até a morte. As principais vítimas da chamada cultura do cancelamento costumam ser figuras públicas, mas pessoas comuns também podem, facilmente, se tornar alvo do ódio implacável que domina as redes sociais, na maior parte das vezes sob anonimato.

Esse ataque em escala pode ocorrer por um erro real, mas também por uma declaração infeliz, um gesto ambíguo, uma frase mal interpretada e até sem motivo aparente. A defesa é praticamente impossível. Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam o quanto o discurso de ódio ampliado pelas redes sociais é danoso e dão dicas de como se proteger emocionalmente dos linchamentos virtuais.

“Penso que, na origem, houve boa intenção de mostrar que comportamentos considerados antissociais ou preconceituosos podem ter consequências”, diz a psicóloga Ilana Pinsky, pesquisadora da Fiocruz. “Mas vemos agora linchamentos virtuais diante de qualquer coisa, muitos sem provas, tsunami. A pessoa não tem capacidade de aprender com aquilo, de se desconstruir, se defender. Simplesmente se afoga”, avalia.

Em dezembro, com um intervalo de menos de uma semana, duas pessoas tiraram a própria vida em casos ligados a episódios de repercussão virtual: o youtuber PC Siqueira, de 37 anos, e a jovem Jéssica Vitória Canedo, de apenas 22 anos.

Siqueira chegou a ser investigado por suspeita de compartilhamento de pornografia infantil. Ele negava as acusações e a polícia não encontrou provas de crime após investigação.

Já a jovem, que não era famosa, se viu envolvida na repercussão de uma notícia falsa. Entre os perfis de grande número de seguidores, o conteúdo foi publicado originalmente na página “Garoto do Blog” e replicado pelo perfil “Choquei” com prints que simulavam uma conversa da moça com o humorista Whindersson Nunes. A fake news levou a uma onda de ataques à jovem.

A reportagem procurou o perfil “Garoto do Blog”, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem. Já a página Choquei afirmou que assim que foi identificado que se tratava de notícia falsa, o conteúdo foi retirado. “Neste momento, a Choquei passa por um profundo processo de reavaliação interna dos métodos adotados visando a implementação de filtros e códigos de conduta para impedir que episódios dessa natureza voltem a acontecer”, diz um trecho da nota.

Segundo especialistas, linchamentos virtuais têm impacto severo na saúde mental das vítimas e podem provocar graves danos, como transtorno de estresse pós-traumático, depressão profunda e suicídio.

Mas por que as palavras de desconhecidos têm impacto tão grande? “No caso das celebridades, eles vivem disso (exposição online): uma opinião social negativa é ruim para a carreira, pode acarretar perdas. Para pessoas comuns, o volume do ódio, da difamação, adquire proporções grandes. Muitas pessoas falando coisas negativas, escondidas pelo anonimato da rede. Isso tem efeito psicológico deletério”, explica Rodrigo Martins Leite, do Instituto de Psiquiatria da USP.

“Além disso, cada vez mais contamos com os relacionamentos para-sociais, em que não há interação real, mas apenas virtual”, acrescenta o professor. “Quando somos cancelados, tomamos um gelo, ou somos agredidos. Isso tem peso cada vez maior.”

Segundo as teorias psicanalíticas sobre a construção da identidade, o indivíduo desenvolve sua personalidade a partir da relação com as outras pessoas. O feedback sobre quem somos vem do convívio, da interação com os demais e, atualmente, também das conexões virtuais.

“A sensação de não ser mais aceito por ninguém, de que a sociedade o rejeita, é poderosa. Precisa ter base emocional boa para lidar com isso”, afirma Ilana. “É preciso saber esperar passar a onda, ter consciência de que é passageiro, será esquecido diante de uma nova vítima. Estar cercado de pessoas que podem apoiá-lo é importante.”

A defesa é praticamente impossível, como diz a consultora e gestora de crise Elis Monteiro. Não há espaço nas redes para troca real de ideias e opiniões. A saída possível é pedir desculpas, fechar o espaço para comentários e, se for o caso, se afastar um tempo das redes.

“É um julgamento sumário, a vítima não tem como se defender”, lembra Elis, também professora de marketing digital. Muitas vezes, segundo ela, a pessoa sofre armação ou é atacada por gesto ou fala mal interpretada.

 

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